LONDRES - Nova York superou Londres como o centro financeiro mais atrativo do mundo, mostrou uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 12. Com a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia (UE), bancos migraram empregos para fora da cidade a fim de preservar o acesso ao mercado único europeu.
O Brexit representa o maior desafio para a indústria financeira na cidade de Londres desde a crise financeira de 2007-2009, já que isso pode significar que bancos e seguradoras perderão o acesso à UE, o maior bloco comercial do mundo.
Nova York ficou em primeiro lugar, seguida por Londres, Hong Kong e Cingapura, no índice dos centros financeiros globais organizado Z/ Yen, que classifica 100 centros financeiros considerando fatores como infraestrutura e acesso a pessoal de qualidade.
No ranking, Londres mostrou queda de oito pontos em relação a seis meses atrás, o maior declínio entre os principais concorrentes. Os autores da pesquisa disseram que o recuo refletiu a incerteza em torno do Brexit.
“Estamos chegando cada vez mais perto do dia da saída e ainda não sabemos se Londres será capaz de negociar com todos os outros centros financeiros europeus”, disse Mark Yeandle, co-criador do índice, à Reuters. “O medo de perder negócios para outros centros está causando um leve declínio e as pessoas estão preocupadas com a competitividade de Londres.”
Desde que os britânicos votaram há mais de dois anos para deixar a UE, algumas das empresas financeiras mais poderosas do mundo em Londres começaram a transferir funcionários para a UE com o objetivo de preservar o fluxo de comércio transfronteiriço existente depois de 2019.
Cerca de 5 mil postos de trabalho devem ser transferidos ou criados na UE a partir de Londres até março do próximo ano, quando o Reino Unido deixará o bloco europeu, segundo um estudo da Reuters publicado em março.
O chefe do distrito financeiro da cidade de Londres previu em julho que 3,5 mil a 12 mil postos de trabalho financeiros seriam perdidos por causa do Brexit.
Bancos apostam em Frankfurt, Paris e Dublin
O ano passado assistiu a uma recuperação no número de bancos dizendo que planejam criar novas subsidiárias na UE após o Brexit. A maioria dos grandes bancos americanos, britânicos e japoneses disse que construiria operações em Frankfurt, Paris ou Dublin.
Outros centros europeus movimentaram-se no ranking mundial. Zurique subiu para o nono lugar do 16.º lugar há seis meses. Frankfurt subiu do 20.º para o 10.º e Amsterdã passou do 35.º para o 50º lugar.
“Londres e Nova York há muito tempo disputam o topo desse índice e a incerteza em torno da futura forma do Brexit provavelmente será o fator decisivo em sua mais recente mudança de posições”, disse Miles Celic, executivo-chefe do grupo de lobby TheCityUK. “Em um mundo competitivo, não podemos pagar a complacência.”
Reuters, O Estado de S.Paulo