segunda-feira, 17 de setembro de 2018

"Faltam 20 dias. Será que chego lá?", por Eduardo Oinegue

Atingimos a marca emblemática de 20 dias para o primeiro turno. Das sete últimas eleições presidenciais, cinco foram resolvidas em dois turnos, como deve ser esta: 1989, 2002, 2006, 2010 e 2014. Que ensinamentos a reta final oferece para a corrida de 2018? Ainda que o passado não se preste a profecias, vale comparar o que diziam as pesquisas realizadas em meados de setembro de cada um desses anos com o resultado das urnas. 

Do exercício resultam conclusões capazes de alimentar a esperança de quatro candidatos e de desanimar os demais.

Para Bolsonaro é o máximo verificar que, nas cinco eleições, o primeiro colocado das pesquisas de setembro chegou ao 2º turno também em primeiro lugar. E, mais significativo, virou presidente. Para os demais presidenciáveis, alivia o fato de que a leitura pode não ser tão simples assim. Em três dessas cinco eleições (2002, 2006 e 2010), o primeiro colocado nas pesquisas de setembro mantinha uma margem de, no mínimo, 20 pontos sobre o segundo colocado — não os 13 pontos que Bolsonaro abriu segundo o Datafolha da última sexta-feira. O candidato do PSL talvez deva se fiar nos exemplos de 1989 e 2014. Em setembro de 1989, Collor aparecia nas pesquisas com 9 pontos à frente do segundo colocado. Em setembro de 2014, Dilma tinha 7 pontos de vantagem.

Haddad e Ciro podem se inspirar nas três eleições em que o segundo colocado na rodada de setembro chegou ao 2º turno. Os dois aparecem empatados com 13 pontos. Haddad se encontra numa fase melhor. Estreou sua campanha oficial há apenas uma semana, ao final do teatro da candidatura Lula, e em pouco tempo trilhou uma trajetória ascendente nas pesquisas. Já Ciro repetiu na sexta o mesmo percentual de cinco dias antes.

As corridas anteriores conseguem dar esperança até mesmo a Alckmin, que anda de lado e amarga um modesto quarto lugar. Nas eleições de 2006 e 2014, os 20 dias finais apresentaram arrancadas expressivas, ambas protagonizadas justamente por candidatos tucanos. Em 2006, o autor do feito foi o próprio Alckmin, que aparecia na pesquisa de setembro com 20%. Acabou recebendo 41,7% dos votos no primeiro turno, e disputou o segundo turno com Lula. Em 2014, quem subiu forte foi Aécio, que tinha 13% no Datafolha de setembro. Nas urnas, teve 33,5% dos votos, 20,5 pontos a mais. Os dois acabariam derrotados.

Aos demais candidatos, infelizmente, o passado só oferece oportunidade de reflexão. Marina, por exemplo, tem que se reinventar. Saiu do primeiro turno de 2010 com 19% dos votos. De 2014, com 21%. Chegou a ter 16% em 2018, mas na sexta amargava 8%.


O Globo