A estratégia do PT de persistir por mais alguns dias em uma campanha concentrada em protestos pelo impedimento da candidatura do ex-presidente Lula traz riscos às chances do vice, o ex-prefeito Fernando Haddad, na disputa presidencial.
— Essa é a proposta do PT desde o início: estender ao máximo a agonia do Lula, na possibilidade de que ocorra um milagre. Ou que esse drama fortaleça a campanha do Haddad. Até agora, não funcionou. A transferência de votos é muito pequena. Se a substituição não acontecer em dez ou quinze dias, pode ser que (a transferência de votos) não ocorra. Esse é o risco — diz o cientista político Murillo de Aragão, da consultoria Arko Advice.
Haddad tem 4% das intenções de voto, de acordo com as últimas pesquisas feitas pelo Ibope e pelo Datafolha. Segundo dados do Ibope, 27% dos eleitores de Lula dizem que podem votar em Haddad.
O cientista político Alberto Carlos Almeida acredita que o PT pode ter sucesso no plano, mas que isso só poderá ser medido em duas semanas.No primeiro dia de propaganda eleitoral, Haddad apareceu como uma espécie de apresentador do programa. O roteiro, no entanto, era todo baseado na narrativa de Lula como uma vítima de perseguição, inclusive com falas do ex-presidente.
— Em algum momento, o Haddad vai falar que é o representante do Lula. O eleitor vai ver. Esse fenômeno vai acontecer rapidamente. Na minha visão, ele leva em torno de duas semanas para subir nas pesquisas.
Alessandro Giannini, O Globo