O candidato da Rede ao governo de Pernambuco nas eleições 2018, Julio Lóssio, se aliou com apoiadores de um dos principais adversários de Marina Silva na disputa pelo Planalto, Jair Bolsonaro (PSL). A união foi desautorizada publicamente pela executiva estadual da Rede e causou constrangimento na legenda da ex-ministra.
Ex-prefeito de Petrolina, Lóssio fará campanha ao lado de Luiz Meira (PRP), ex-coronel da Polícia Militar conhecido por ser “linha dura”, e Gilson Machado (PSL). Meira chegou a ser o pré-candidato de Bolsonaro ao governo do Estado e Machado, ao Senado, mas os partidos rifaram suas candidaturas por alianças locais. O coronel, agora candidato à Câmara, organiza um evento nesta quarta-feira, 19, no Recife, para selar a aliança com o candidato da Rede.
Em nota, o partido desautorizou o apoio do coronel. Yuri Santos, coordenador da legenda, disse que a executiva ainda não definiu os próximos passos. “Isso é um fato muito ruim para a Marina. Mas estamos avaliando, porque retirar a candidatura pode demonstrar que ela não tem firmeza, não tem pulso. É uma situação delicada.”
A campanha de Marina vem se contrapondo à de Bolsonaro, especialmente em relação à defesa dele ao armamento e em relação às mulheres.
‘Ideais’. O coronel aposentado afirmou ao Estado que “a direita estava órfã” em Pernambuco. “Agora, o nosso Estado dá um passo à frente na formação de aliança para o segundo turno, pois nós conseguimos juntar o eleitor de Marina com o eleitor de Bolsonaro”, disse Meira.
“Lóssio é um cristão, homem do bem, que fez uma excelente gestão em Petrolina e é ficha-limpa. Ele comunga dos ideais de Bolsonaro. Não tem porque a gente não estar (juntos)”, declarou o ex-coronel da PM.
‘Estereótipo de Marina é o mesmo de Bolsonaro’, diz Lóssio
Criticado pela Rede por aceitar o apoio de “bolsonaristas” em Pernambuco, o candidato do partido ao governo do Estado, Julio Lóssio, reafirmou seu voto na presidenciável Marina Silva, mas poupou ataques ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
“Não o conheço. Mas o estereótipo que criaram de Marina é o mesmo que tentam criar de Bolsonaro, só que de maneira inversa. Pessoas tentam criar que ele é um cara violento. E quem já foi agredido por Bolsonaro?”, disse Lóssio ao Estado.
O candidato negou que a aliança com apoiadores do candidato do PSL poderia prejudicar a campanha de Marina. “Ele (Meira) sabe que eu voto em Marina, ele vota em Bolsonaro. Quero que o Meira possa me ajudar no que a gente pensa parecido”, afirmou. Mulher do candidato a governador, Andréa Lóssio é candidata a deputado estadual e deve fazer dobradinha com o coronel.
O candidato da Rede minimizou ainda o posicionamento da Executiva estadual, a que chamou de uma “parte sectária” do partido na região. No Ibope divulgado nesta seguda-feira, 17, ele aparece em terceiro lugar com 2%, atrás de Paulo Câmara (PSB), 33%, e de Armando Monteiro (PTB), 25%.
Sozinho na coligação, Lóssio alega que o apoio de Meira e de Gilson Machado (PSL) o tirou do isolamento. Segundo ele, o coronel teria pedido que incorporasse no seu programa a agenda dele para segurança pública, cujos eixos são valorização dos salários da base da PM, investimento na inteligência das polícias e convênio com as guardas municipais.
Marianna Holanda e Kleber Nunes, O Estado de S.Paulo