Um dia depois do candidato Jair Bolsonaro (PSL) sofrer um ataque durante uma agenda em Juiz de Fora, o seu vicegeneral Hamilton Mourão afirmou que o objetivo da equipe de campanha e o pedido do próprio presidenciável é para que os militantes moderem o tom.
Segundo Mourão, confrontos nesse momento não vão ajudar ninguém e seria péssimo para o país. O general, que disse ter sido sempre a primeira opção para vice, ainda afirmou que vídeos estão sendo produzidos e disseminados entre simpatizantes de Bolsonaro pelos estados para que a mensagem de redução das tensões seja propagada.
- Hoje às 19h, Bolsonaro me ligou e disse que vamos moderar o tom, me pediu para não exacerbar essa questão que está ocorrendo. Nós vamos governar para todo o Brasil. Sem união a gente não chega a lugar nenhum, ter confronto nesse momento não vai ajudar a ninguém e é péssimo para o país - explicou Mourão durante a entrevista para o Central das Eleições, da Globonews, que falou sobre a estratégia da equipe de espalhar vídeos entre os "cabeças de chave" da campanha espalhados pelo país .
- A gente não tem condições de controlar 100% a militância, mas estamos fazendo pequenos vídeos, falando para o pessoal raciocinar e abaixar o tom nesse momento. Nosso foco é propagar as ideias de Bolsonaro e reduzir as tensões.
O vice de Bolsonaro admitiu que, num primeiro momento, ele e outros membros da campanha exageraram nas declarações. Logo após o ataque, ainda na quinta-feira, o general afirmou que o PT seria o culpado pelo atentado e disse a frase "se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós".
- Quando ocorre um evento traumático assim, tem que ter muita calma. Realmente subiu um pouco o tom (no início), mas temos que baixar, porque não é caso de guerra. Que se investigue e julgue o caso - disse o general.
Antes de Mourão ser definido como vice, Bolsonaro publicamente tentou outras opções, como o senador Magno Malta, o general Augusto Heleno e a advogada Janaína Paschoal. Entretanto, Mourão disse que ele sempre foi a primeira opção de vice, e que já teria sido procurado há três anos.
- Eu sempre fui a primeira opção. Há três anos ele me procurou e disse que contava comigo. Quando eu estava para ir para a Reserva, ele pediu para eu me filiar. Claro que ele buscou outras opções, que poderiam ser melhores naquele momento, mas no final olhou para o banco de reservas e falou "entra em campo".
No único momento em que Mourão subiu o tom nas críticas a adversários foi quando ele se referiu a Geraldo Alckmin. Sem citar o nome do candidato do PSDB, o general repudiou as propagandas da campanha tucana, atacando diretamente Bolsonaro.
- A campanha de um determinado candidato é de uma baixaria sem tamanho. Fica pinçando frases sem contexto.
Na primeira pergunta sobre programa de governo, o general defendeu o porte de armas.
Ele explicou que a violência não iria aumentar com essa medida, pois as pessoas fariam provas psicotécnicas e de tiro antes de usarem armas de fogo, e que o monopólio da força do estado não seria quebrado.
- Não é simplesmente jogar fuzil para cima cada um pega o seu. Tratamos do direito de cada um ter arma, mas precisa antes fazer teste psicotécnico e de tiro. Acidente de trânsito, por exemplo, mata quase igual homicídio, e ninguém pensa em proibir pessoas de dirigirem carro. Pode ser uma comparação exagerada, mas o que o Bolsonaro coloca é a liberdade da pessoa em ter ou não a arma. A questão é o equilíbrio de forças. Se você tiver uma arma, é capaz de reagir num assalto - explicou o general, que, em relação a excessos cometidos por militares durante a ditadura, afirmou que "heróis matam".
Depois, Mourão foi questionado por algumas pautas atuais no país. Sobre a intervenção federal na segurança do Rio, ele disse que foi algo colocado "nitidamente com fins políticos", e que a intervenção deveria ser político e militar.
- Só a repressão não é o suficiente para combater o narcotráfico. Os militares vão ao combate, mas não conseguimos agir no resto, o estado não entra como o todo - disse Mourão.
O vice de Bolsonaro afirmou ainda que a crise de migração de venezuelanos precisa ser tratado como um problema nacional e não só de Roraima, e se disse "um homem da cultura". Para esse setor, ele defendeu o uso da iniciativa privada.
O Globo