sexta-feira, 21 de setembro de 2018

"As partes e o todo", por Nelson Motta

Sempre otimista, Poliana acha que a coisa não está tão feia, que há boas propostas nos programas de todos os principais candidatos.

Por exemplo: o “Refis dos pobres” de Ciro Gomes. Nada justifica que os grandes ruralistas e empresários tenham o “Refis do Refis do Refis” de bilhões de reais e a grande maioria dos fichas-sujas do SPC, que têm dívidas de mil reais, não seja refinanciada por uma fração do que foi perdoado aos grandes devedores.

Mas, no país da piada pronta, o próprio SPC entrou na lista dos fichas-sujas por dívidas não pagas com funcionários.

João Amoêdo propõe investir mais no ensino básico e menos no superior, e a lógica é incontestável. De que adianta chegar à universidade sem saber nada? Já o ensino superior deve ser um ótimo negócio, tantas são as fábricas de diploma que proliferam. Para os que não podem pagar, há bolsas, Fies, cotas e vários instrumentos para entrar na faculdade. 

Mas qual é a lógica da defesa que a esquerda faz da universidade de graça para quem pode pagar? Por que os pobres devem pagar pela educação dos ricos?

Ele também quer abolir o Fundo Partidário e regalias fiscais a empresas, cortar aposentadorias privilegiadas, e declarar guerra ao carro oficial, que qualquer mequetrefe usa, como símbolo de vantagens abusivas.

Como negar a experiência vitoriosa de Alckmin com a segurança pública em São Paulo, com toda a sua complexidade, que se tornou a melhor entre todos os estados? Suas ideias são úteis para qualquer candidato. E algumas dos outros são úteis para todos.

Como diminuir o Congresso, de Alvaro Dias.

Como as boas propostas econômicas e de energia limpa de Marina Silva, orientada por André Lara Resende.

Boulos é o único a propor a legalização do aborto, a desmilitarização das polícias e a descriminalização da maconha.

Fernando Haddad é, longe, o melhor quadro do PT, o mais preparado e qualificado, mas é o poste de Lula.

E o Posto Ipiranga de Bolsonaro até tem algumas ideias interessantes para a economia. 

Ele, não.



O Globo