O presidenciável Ciro Gomes (PDT) questionou nesta sexta-feira (3) se o país “aguenta mais um poste” na Presidência da República, em referência à insistência da sigla em lançar a candidatura do ex-presidente Lula para ser substituído na reta final da campanha.
A declaração foi um ataque às movimentações do PT para inviabilizar o apoio do PSB à sua candidatura. Ciro faz referência à escolha de Dilma Rousseff pelo PT para se candidatar à sucessão Lula na Presidência em 2010. A gestão da petista, se tornou alvo do candidato do PDT.
Em entrevista à Rádio Jovem Pan, Ciro chamou o vereador Fernando Holiday (DEM-SP) de "capitãozinho do mato". Imagina, esse Fernando Holiday aqui. O capitãozinho do mato, porque é a pior coisa que tem é um negro que é usado pelo preconceito para estigmatizar, que era o capitão do mato do passado, declarou /Diego Padgurschi - 17.jul.2018/ Folhapress
“Eles querem criar uma comoção no país para quando o Lula for declarado inelegível, eles apontam um novo poste. A pergunta é: o Brasil aguenta outro poste? Ou parte da grave situação que estamos vivendo devemos à escolha de um poste pelo Lula?”, afirmou Ciro, após convenção do PDT-RJ.
Condenado em segunda instância, Lula será confirmado como candidato, mas tem remotas chances de ser confirmado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em razão da Lei da Ficha Limpa. A intenção da sigla é anunciar o eventual substituto apenas depois da decisão da Justiça sobre a candidatura.
Ciro voltou a criticar o que chamou de “degola” das candidaturas a governador de Márcio Lacerda (PSB) em Minas Gerais e de Marília Arraes (PT) em Pernambuco, fruto do acordo entre as duas siglas.
“É politicamente inusual que um partido sacrifique seus próprios quadros em nome da neutralidade de outro. Se fosse uma aliança com o PT, tudo certo. Mas uma aliança para tirar segundos de um parceiro é absolutamente inusual. Mas em tempos de golpe, até isso é possível”, afirmou o presidenciável.
“O que não nos parece razoável é o PT sacrificar uma jovem liderança em Pernambuco para tirar segundos da minha possibilidade de falar ao povo brasileiro”, declarou ele.
Em discurso, ele classificou as movimentações dos partidos como “acordões de gabinete”. Ele se colocou ao lado de Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL) como candidatos de “fora do sistemão”.
“O problema do Bolsonaro é que ele, com todo carinho, é um boçal. Mas ele é fora do sistemão, a Marina Silva é fora do sistemão. E eu, desses daí, sou de fora do sistemão que conhece o sistemão, que sabe que esse país é saqueado, sabe quem está saqueando e sabe como suspender e acabar o saque”, afirmou ele.
Além do PSB, Ciro tentou negociar o apoio dos partidos do centrão, que incluem DEM, PR, e outros.
O PT também foi alvo de ataques do discurso do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. “De outro lado estão nossos primos do PT, que se puderem nos matam em vida”, afirmou ele.
NOVAS CANDIDATURAS
Ciro mostrou reservas em relação à estratégia de última hora de seu partido de lançar candidaturas próprias em alguns estados para se contrapor ao acordo entre PT e PSB. A intenção do PDT é apresentar nomes e São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba e Paraná.
O pedetista defendeu a manutenção do apoio da sigla ao governador Márcio França (PSB). O presidente do PDT, Carlos Lupi, quer lançar o ex-prefeito de Suzano, Marcelo Cândido (PDT). A intenção é aumentar a visibilidade de Ciro nas propagandas de TV.
“Temos que tomar posição em favor do que há de melhor em cada lugar. Se depender de mim manteremos [o apoio a França] porque considero o melhor para São Paulo”, disse Ciro.
O presidenciável participou da convenção que confirmou a candidatura do deputado Pedro Fernandes (PDT) ao governo fluminense. A sigla negocia apoio do PSB e do PC do B.
Italo Nogueira, Folha de São Paulo