sábado, 17 de setembro de 2016

Petrobras não pretende cortar investimentos em 2017


Otimizar. Maior eficiência é um dos fatores que permitirão redução de gasto com investimentos, liberando recursos para outros projetos - Pedro Teixeira / O Globo


Ramona Ordoñez - O Globo



Meta da companhia será de US$ 22 bi, alta de 25% em relação a este ano, segundo fontes


Em 2017, quando a descoberta do maior escândalo de corrupção da história da Petrobras completa três anos, a estatal deve ampliar investimentos pela primeira vez desde 2014, quando foi deflagrada a Operação Lava-Jato. De acordo com um executivo próximo à companhia, a diretoria da estatal já avalia investir cerca de US$ 22 bilhões em 2017, um aumento de 25,7% em comparação aos US$ 17,5 bilhões previstos para este ano. Para isso, pretende voltar a investir em novos projetos a partir do ano que vem, principalmente em exploração e produção de petróleo.

— O período de corte nos investimentos já se encerrou. É uma mudança de espírito, e a expectativa é de retomada dos investimentos a partir do próximo ano, e não só dos projetos que não foram realizados neste ano. Também se espera uma melhora nos prazos de entrega das encomendas dos fornecedores — explicou o executivo.

PLANO SERÁ APRESENTADO SEGUNDA-FEIRA


O Plano de Negócios para o período 2017/2021 da Petrobras será apresentado ao Conselho de Administração na próxima segunda-feira. A expectativa, de acordo com fontes próximas à estatal, é que sejam mantidos os valores previstos no Plano 2015/19, de US$ 98,4 bilhões. Segundo esse executivo, no primeiro trimestre de 2017, a Petrobras poderá fazer uma avaliação mais aprofundada sobre o programa de investimentos para os próximos anos.

Uma fonte próxima à estatal explicou que será possível manter um nível de investimentos de cerca de US$ 100 bilhões para os próximos cinco anos, desenvolvendo novos projetos para ampliar a produção, graças, também, ao plano de venda de ativos. Isto porque a companhia vai reduzir gastos que teria nos vários ativos que está vendendo — como a participação de 66% no campo de Carcará, no pré-sal, para a Statoil.

— O aumento da eficiência também está permitindo, neste ano, investir menos do que os US$ 20 bilhões previstos, mas mantendo os projetos, bem como bater recordes na produção de petróleo — destacou a fonte.

Os custos dos investimentos na área de exploração e produção estão sendo reduzidos graças, ainda, à alta produtividade dos campos do pré-sal, que têm exigido um número menor de poços em cada sistema de produção. Outro fator de aumento da eficiência foi a redução do tempo para a perfuração de poços, que passou de 310 dias, em 2010, para 128 dias no ano passado, tendo caído a 89 dias este ano.

Segundo o executivo, a meta de produção não deverá sofrer reduções. De acordo com o plano anterior, a meta é de 2,8 milhões de barris por dia até 2020. Para 2016, é de 2,145 milhões de barris por dia.

ESTATAL PROPÕE REAJUSTE DE 4,97%

O foco da Petrobras em seu novo plano de negócios, explicou a fonte, continuará sendo a redução, nos próximos anos, do nível de endividamento — que estava em US$ 123,9 bilhões em junho deste ano. A expectativa, disse o executivo, é conseguir reduzir esse montante para menos de US$ 100 bilhões até o fim de 2016.

Para voltar a elevar investimentos e reduzir seu endividamento, a Petrobras manterá um programa agressivo de venda de ativos. Para o período de 2015/16, a meta era de US$ 15,1 bilhões, mas, até o momento, foram vendidos apenas US$ 4,6 bilhões. No novo plano de negócios, o foco será também conseguir parceiros, como na Petrobras Distribuidora (BR). A petroleira já anunciou que está buscando um parceiro para dividir o controle da distribuidora de combustíveis.

A Petrobras entregou ontem à Federação Única de Petroleiros (FUP) e aos seus 14 sindicatos afiliados a proposta para o acordo coletivo da categoria. O texto prevê reajuste salarial de 4,97% e propõe a redução da jornada semanal acompanhada de diminuição de vencimentos e do pagamento de horas extras. Em seu site, a FUP classifica a proposta de “afronta”.