sábado, 17 de setembro de 2016

O poeta que deu voz às rosas

Ocupação Cartola” percorre a obra e a intimidade do sambista por meio de fotos, gravações, shows e poemas inéditos



IMORTAL Cartola no palco, em uma das fotos da mostra: erudição intuitiva
IMORTAL Cartola no palco, em uma das fotos da mostra: erudição intuitiva
“Ocupação Cartola” percorre a obra e a intimidade do sambista por meio de fotos, gravações, shows e poemas inéditos
A vida de Cartola não caberia em um samba, nem mesmo em uma obra-prima como “As Rosas não Falam” e “O Mundo é um Moinho”. Compositor de mais de 500 músicas que deixam transparecer sua erudição intuitiva, o carioca Angenor de Oliveira (1908-1980) só conseguiu gravar o primeiro disco aos 66 anos. Fundador da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, para a qual escolheu as cores verde e rosa, ele se afastaria da agremiação na década de 1950, permanecendo na “obscuridade”, como diria mais tarde, simplificando sua complexa história.
Em cartaz até 13 de novembro no Itaú Cultural, em São Paulo, a “Ocupação Cartola” não quer simplificar e sim permitir uma maior compreensão do sambista imortal. A mostra reúne 47 itens originais, entre eles o som de “Quem me vê Sorrir” (seu primeiro registro gravado), fotos de época e até manuscritos de poemas inéditos. A mostra percorre o universo de Cartola e, claro, Dona Zica, seu grande amor, com quem ele dividiu a cama e montou o famoso restaurante Zicartola, onde Clementina de Jesus foi revelada. Shows de Fabiana Cozza (curadora da mostra), Nelson Sargento, Áurea Martins e rodas de conversa completam o programa.
“O mundo é um moinho”
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Estrelado pelo ator Flávio Bauraqui e pela cantora Virgínia Rosa no papel de Dona Zica, o musical “Cartola – O Mundo é um Moinho” reproduz o dia-a-dia de uma agremiação carnavalesca que se prepara para o Carnaval tendo como enredo a vida e a obra do personagem-título. O texto é de Artur Xexéo, a encenação de Roberto Lage e a direção musical de Rildo Hora. Com trinta apresentações agendadas para o Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, o espetáculo receberá um convidado diferente a cada semana.