sábado, 24 de setembro de 2016

O antipolítico Doria dá salto meteórico na reta final


De desconhecido do eleitorado, Doria foi apontado na última pesquisa do Datafolha como um dos favoritos para 2º turno - Pedro Kirilos / Agência O Globo/ 12-09-2016


Sílvia Amorim - O Globo


Aposta de Alckmin, candidato tirou R$ 2,4 milhões do próprio bolso

Em 40 dias de campanha, o empresário João Doria (PSDB) fez sua candidatura a prefeito de São Paulo sair da posição de maior desconhecida na disputa para uma das favoritas ao segundo turno. Como o slogan da campanha, “Acelera SP”, o tucano partiu dos 5% de intenção de voto na primeira pesquisa Datafolha, em agosto, para 25% quinta-feira. A performance colocou Doria, pela primeira vez, no primeiro lugar. O cenário é de empate técnico com Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB).

Quatro fatores são apontados por adversários e analistas políticos para a ascensão meteórica do tucano, novato em eleições: maior tempo de propaganda no horário eleitoral, discurso antipolítico e anti-PT, fragmentação das candidaturas de esquerda e dinheiro para pagar a própria campanha.

Doria é o candidato mais rico da eleição, com patrimônio declarado em R$ 180 milhões. 

Mais da metade dos recursos arrecadados veio do bolso dele: R$ 2,4 milhões. E o tucano tem a campanha mais cara — R$ 13 milhões, até sexta-feira. Isso dá a Doria uma larga vantagem numa eleição em que o financiamento está escasso após a proibição de doação de empresas. Não foi à toa que a questão financeira foi um dos fatores que convenceu o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a investir pesado em Doria como nome do PSDB, contrariando caciques do partido.

Para o cientista político Humberto Dantas, Alckmin é o grande patrocinador do crescimento de Doria.

— Ele não mediu esforços em fazer uso das estruturas públicas para viabilizar a candidatura do afilhado político. Foi Alckmin quem garantiu a Doria a maior coligação da eleição e o maior tempo de TV. Numa eleição curta, isso tem se mostrado decisivo.

OUTRAS ASCENSÕES RÁPIDAS

Não é a primeira vez que o eleitor paulistano presencia uma ascensão meteórica na corrida eleitoral. A maior já registrada foi em 1996, com o então candidato Celso Pitta, que, surfando na popularidade de seu padrinho político, o deputado Paulo Maluf, cresceu 21 pontos percentuais no primeiro turno e acabou eleito. Em 2008, foi o prefeito Gilberto Kassab que viu sua campanha deslanchar de 13% das intenções de voto para 30%. Mais recentemente, quatro anos atrás, o prefeito Fernando Haddad (PT) conseguiu feito semelhante: saltou de 3% para 19%. Todos os dados consideram os levantamentos divulgados pelo Datafolha.