Ed Ferreira - 29.mai.2015/Folhapress | |
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Equipes da PF durante Operação Acrônimo apreendem documentos em empresa, em 2015 |
GABRIEL MASCARENHAS
BELA MEGALE
UOL
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A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (13) mais uma fase da Operação Acrônimo. Um dos alvos é Felipe do Amaral, empresário ligado ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
Filho de uma prima da ex-mulher do governador, Amaral é é suspeito de ter recebido propina da montadora Caoa em troca de intervenções feitas por Pimentel no Ministério de Desenvolvimento –pasta da qual foi ministro de 2001 a 2014, durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff na Presidência– em favor da empresa.
O empresário foi levado em condução coercitiva para a depor na Polícia Federal de São Paulo.
A sede nacional da rede de restaurantes Madero, em Curitiba, foi alvos de buscas. A investigação aponta que o suposto dinheiro repassado pela Caoa teria sido usado por Amaral para abrir no interior de São Paulo uma hamburgueria gourmet –que pertence à rede– do qual Pimentel seria sócio oculto.
Em junho, a revista Época publicou que Amaral havia sido citado na delação de Benedito Oliveira, o Bené, apontado como operador de Pimentel e que firmou acordo de delação premiada.
Bené disse, segundo a revista, que o empresário recebeu aporte financeiro para montar uma hamburgueria gourmet por solicitação de Pimentel. O dinheiro, segundo o delator, veio de uma propina de R$ 20 milhões paga pela Caoa, que teria negociado isenção fiscal com Pimentel na época em que ele foi ministro.
Outro alvo de condução de coercitiva é o empresário Sebastião Dutra, dono da gráfica Color Print. Segundo as investigações, ele teria omitido notas fiscais falsas para uma das empresas envolvida na construção do restaurante.
A gráfica foi uma das fornecedoras para a campanha de Pimentel ao governo de Minas em 2014.
A ação desta terça foi autorizada pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Herman Benjamin, relator da Acrônimo na corte. Foram emitidos seis mandados judiciais, sendo quatro de busca e apreensão e dois de condução coercitiva em São Paulo, no Distrito Federal e no Paraná.
ACRÔNIMO
A Operação Acrônimo foi deflagrada em 2015 e apura irregularidades no financiamento e na prestação de contas da campanha de Fernando Pimentel, que foi indiciado pela PF, ao governo de Minas Gerais sob suspeita de corrupção passiva, tráfico de influência, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Em outras frentes, investiga suspeitas de favorecimento a empresas com empréstimos do BNDES, subordinado ao Ministério de Desenvolvimento, pasta que foi comandada pelo hoje governador.
OUTRO LADO
O advogado de Pimentel, Eugênio Pacelli afirmou que seu cliente não tem qualquer ligação que ultrapasse o limite do parentesco ou o campo da licitude com o Amaral.
"O presidente do Senado (Renan Calheiros) disse recentemente que o Congresso estava se transformando num hospício, e o Brasil está se transformando num grande hospital, onde todo mundo quer fazer uma grande operação. Esse fato relacionado a Felipe é um verdadeiro café requentado porque já era de conhecimento da Polícia", afirmou Pacelli.
A Folha não conseguiu localizar a defesa de Felipe do Amaral.
Procurada pela reportagem, a Caoa informou por meio da assessoria de imprensa que aguarda um posicionamento do seu departamento Jurídico para se pronunciar sobre a operação deflagrada nesta manhã.
A Madero informou, por meio de nota de sua assessoria, que entregou à PF os documentos necessários pedidos pela Justiça e que Felipe do Amaral deixou de ser franqueado da rede em outubro de 2015.