terça-feira, 13 de setembro de 2016

Dora Kramer: "Dia de muito, véspera de nada"

O Estado de São Paulo



A Câmara não se limitou a cassar o deputado Eduardo Cunha: aplicou-lhe uma surra homérica, de 450 votos contra 10. Muitos foram os deputados que durante a sessão trocaram cumprimentos com o ex-presidente da Casa, mas apenas dois subiram à tribuna para fazer sua defesa. 
Resultado impressionante para quem em determinado teve tudo em termos de poder e hoje (12/09) terminou sem nada, desprovido dos direitos políticos e do foro privilegiado de Justiça.
Mais que a reafirmação do mito do poder absoluto nas democracias, a votação com comparecimento em massa numa segunda-feira em pleno período do chamado recesso branco das campanhas eleitorais foi a demonstração de que contra fatos e vontade popular não há argumentos.

Na direção certa

Um achado a forma como a nova presidente do Supremo Tribunal Federal abriu seu discurso de posse: a saudação primeira ao cidadão cuja garantia de direitos e acesso a uma Justiça eficiente, transparente e ciente de que seu compromisso essencial é para com a população. Cármen Lúcia inverteu a ordem dos cumprimentos, deixando as autoridades para um segundo momento, estabelecendo assim sua escala de prioridades.
Já o decano, Celso de Mello, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encarregaram-se da defesa intransigente do combate à corrupção, à denúncia para a “falência do sistema” _ ali representada por Michel Temer, Luiz Inácio da Silva, Renan Calheiros, Fernando Pimentel, entre outros que ouviram muitas e boas _  e alertas aos riscos de interferência nas investigações que vem revelando as entranhas de tradicionais e nefastas transações.