Moeda contrariou o movimento de alta no exterior em meio à indicação de Ilan Goldfajn de que o BC pode intervir menos no mercado de câmbio

'Estamos vendo as condições diminuindo para redução do estoque de swaps cambiais', afirmou Ilan.
O dólar recuou 1%, para R$ 3,26, nesta sexta-feira, 16, destoando da alta no exterior. O movimento ganhou força à tarde com entrada de recursos no País pela via comercial e financeira, após sinalização do Banco Central pela manhã de que as condições para sua atuação no câmbio "estão mudando". Lá fora, entretanto, a direção foi contrária e a divisa norte-americana avançou em meio à tensão que precede a decisão de política monetária dos Federal Reserve, na semana que vem.
Por aqui, o dólar enfrentou nova manhã de instabilidade, com indicadores econômicos dos Estados Unidos, e se firmou em queda à tarde. A pressão negativa sobre o dólar ante o real veio logo no começo do dia com comentários do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em entrevista àReuters. "Estamos vendo as condições diminuindo para redução do estoque de swaps cambiais", afirmou Ilan.
O mercado entendeu que o presidente do BC sinalizou que pode reduzir as intervenções no mercado de câmbio, o que significaria espaço para o real se valorizar ante o dólar.
Conforme apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a autarquia tem promovido adequações na estratégia de redução de sua posição vendida em swaps cambiais com a proximidade de novo movimento de alta de juros nos Estados Unidos. Por trás disso, está a intenção de reduzir o estoque total, mas sem que os leilões tragam pressão adicional ao câmbio, num momento em que o Federal Reserve está perto de agir.
Na última quarta-feira, a autarquia diminuiu o lote diário de swap cambial reverso oferecido em leilão, para 5 mil contratos, frente aos habituais 10 mil contratos. Além do Fed e da atuação do BC, constou no radar dos agentes financeiros as discussões em torno do ajuste fiscal e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 que busca limitar os gastos públicos. O governo tem endurecido o tom em defesa da PEC e das suas reformas, o que na visão de profissionais do mercado é positivo para garantir a aprovação dos esforços no Congresso.
Bolsa. A Bovespa operou no terreno negativo durante todo o dia, puxada principalmente por ações de empresas financeiras e ligadas a commodities, que refletiram dúvidas do mercado internacional. À espera da decisão de política monetária dos Estados Unidos, as bolsas americanas repercutiram indicadores econômicos e o noticiário corporativo, terminando o dia em baixa. Sintonizado com o movimento em Wall Street, o Índice Bovespa fechou aos 57.079,75 pontos, em queda de 1,43%.
As ações de bancos foram destaques de baixa nas bolsas da Europa e Estados Unidos, a partir da notícia de que o Departamento de Justiça norte-americano propôs ao Deutsche Bank que pague US$ 14 bilhões em multas para encerrar uma série de investigações sobre irregularidades com títulos hipotecários. Em Frankfurt, os papéis do banco alemão chegaram a cair perto de 8%. No Brasil, as ações de bancos tiveram perdas generalizadas, cujos destaques foram Itaúsa ON (-3,49%), Bradesco ON (-2,66%), Itaú Unibanco PN (-2,26%) e Santander Unit (-1,86%).
Além da notícia do Deutsche, os investidores acompanharam a inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que subiu 0,2% em agosto na comparação com o mês anterior. A taxa veio acima das previsões, que apontavam elevação de 0,1%. A cinco dias da decisão do Fed sobre os juros nos EUA, as apostas em um aperto monetário nessa reunião ficaram em 15%. A cautela, contudo, levou investidores estrangeiros a reduzir posições em mercados emergentes, o que impactou também os mercados de commodities.
Com o petróleo em queda nas bolsas de Nova York e Londres, as ações da Petrobrás também perderam valor e terminaram o dia com quedas de 2,55% (ON) e 2,59% (PN). Apesar da estabilidade do preço do minério de ferro na China, as ações da Vale seguiram suas pares no exterior e caíram 1,38% (ON) e 2,59% (PNA). Segundo operadores ouvidos pelo Broadcast, as ações da Petrobrás e da Vale podem ter sofrido volatilidade adicional devido à proximidade do vencimento de opções sobre ações, na próxima segunda-feira.
Entre as 58 ações que compõem a carteira teórica do Índice Bovespa, as maiores quedas ficaram com ações de empresas do setor de siderurgia. Foram elas: Gerdau PN (-3,67%), Usiminas PNA (-3,66%) e CSN ON (-3,14%). Já as altas mais significativas do dia ficaram com Kroton ON (+1,20%), Raia Drogasil ON (+0,94%) e Localiza ON (+0,83%). No pregão de hoje, foram movimentados R$ 7,4 bilhões, acima dos R$ 5,48 bilhões da véspera.
(Com Reuters)