
Cristiane Jungblut - O Globo
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse nesta quinta-feira que as lideranças do PMDB e PT terão que explicar o que chamou de “acordão” entre os partidos sobre a decisão do Senado de manter os direitos de Dilma Rousseff. O senador disse que a medida sinaliza uma possível ajuda a futuros políticos condenados. O deputado Eduardo Cunha será julgado pelo plenário da Câmara no próximo dia 12.
Caiado apontou que a medida expõe falta de sintonia dentro da base de Michel Temer. Ele disse, no entanto, que manterá um “apoio crítico” ao governo.
— A minha posição será sempre de independência crítica. Um apoio crítico. É importante que o governo Temer não desvie da sua rota. Depois de ter feito acordo no Senado a Câmara também não poderia reeditar a mesma manobra? As lideranças do PT e do PMDB terão que explicar esse acordo — disse Caiado.
Antes da decisão dos tucanos desta quinta, de recorrer ao Supremo, o senador havia dito que acatava os argumentos de outros caciques do DEM e do PSDB, que na ocasião, diziam de que não deveriam recorrer ao Supremo. O posicionamento dos partidos mudou durante a tarde. O PSDB anunciou que irá protocolar um mandado de segurança no STF. O DEM e o PPS anunciaram que irão subscrever a ação.
— Ninguém estará tomando uma decisão do ponto de vista emocional. Houve uma reação de todo e qualquer brasileiro foi de reagir àquela manobra. Com 22 anos no Parlamento, nunca vi mudar com um destaque a Constituição. Depois de ouvir as grandes cabeças, decidimos que não vamos tomar nenhuma atitude que coloque em risco de ver anulada uma votação (do impeachment) e ter que repeti-la — disse Caiado, antes de mudar de ideia.
Caiado recebeu um telefonema do presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), comunicando da decisão do partido. Foi então que ele anunciou que o partido também assinaram a ação. Caiado, que foi o primeiro a defender que os partidos questionasse a medida no Supremo, reagiu com ironia ao fato de o PSDB não ter lhe avisado da mudança de posição antes de fazer o anúncio.
— Fim da novela. Depois do quebra-cabeça dos juristas, prevaleceu a tese do médico — disse Caiado, que é medico.