terça-feira, 23 de agosto de 2016

Se Léo Pinheiro levar para o túmulo o que sabe, quem ganha? Conta outra, Janot!

Com Blog do Reinaldo Azevedo - Veja


Esse já consegue ser o maior mistério da 

Operação Lava Jato. Se um enrolado vazar

 dados da sua relação com um delator, 

então acaba a delação? Quem ganha com isso?



Querem ver? Vou expor aqui o caminho para uma pizza gigantesca. E não se trata de teoria conspiratória, não! É apenas exercício regular da lógica elementar.
Em vez de decidir investigar a fonte dos constantes vazamentos da Operação Lava Jato; em vez de tentar botar um pouco de ordem na casa e seguir as diretrizes institucionais, o senhor Rodrigo Janot, procurador-geral da República, finge um rigor técnico que não existe e decreta o fim da delação de Léo Pinheiro.
Pois bem! O que o chefão da OAS sabe, ora vejam, morrerá com ele. Se ele delatar, isso lhe será irrelevante. Arruma inimigos novos sem que colabore para reduzir a sua pena.
Lula agradece.
Dilma agradece.
Outros tantos também.
Mas ainda não cheguei ao ponto. Disse o procurador-geral:
“Declarei encerradas as negociações, isso não cheira mal, cheira bem. É uma maneira de o MP impor sua atividade institucional. O MP age de forma cristalina, nada escondo nem protejo a ninguém. Inventaram estelionato delacional com intuito de pressionar MP a aceitar acordo que não seja bom”.
Como? “estelionato delacional”? Inventaram? “Quem” inventaram??? Com que propósito? A quem servia o “estelionato delacional”? Certamente não é à imprensa.
Ingredientes
Se alguém quer inviabilizar a delação de Marcelo Odebrecht, por exemplo, com o que ela tem de potencial explosivo, basta que um futuro enrolado vaze as suas, vamos dizer, relações não republicanas com o grupo.
Se Janot mantiver essa decisão, ele, e não outro, estará dando os ingredientes para a pizza.
Pergunta-se: todo vazamento interessa ao delator? Por quê? Se isso não é uma tese geral, por que esse vazamento, em particular, interessa? Quais são os elementos de que dispõe o Ministério Público?
Segundo Janot, o tal anexo sobre Toffoli nunca chegou ao Ministério Público.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo, diz que os investigadores estão se sentindo “o ‘ó’ do borogodó”. E acrescentou: “Eu acho que a investigação tem que ser em relação logo aos investigadores porque esses vazamentos têm sido muito comuns. É uma prática bastante constante e eu acho que é um caso típico de abuso de autoridade e isso precisa ser examinado com toda cautela”.
Que fique uma coisa de relevante: seja lá qual for a origem dessa história, que levou o nome de Toffoli para o centro da confusão, uma coisa é certa: PÔR FIM À DELAÇÃO DE LÉO PINHEIRO, SEM MAIS NEM AQUELA, SÓ É DO INTERESSE DE BANDIDOS, NÃO?
Ou alguém conseguiria demonstrar que, se Léo levar para o túmulo o que sabe, o Brasil fica melhor?
Conta outra, Janot!