sexta-feira, 1 de abril de 2016

Mensalão de Lula, o corrupto, e esquema de Bumlai, comparsa de Lula, o corrupto, foram ao mesmo tempo

UOL

Vídeo


O esquema de corrupção investigado pela nova fase da Lava Jato aconteceu ao mesmo tempo que o mensalão, segundo integrantes da força-tarefa da Lava Jato. Inclusive, há personagens, como Marcos Valério e também o pecuarista José Carlos Bumlai, ambos presos.
A afirmação foi feita durante entrevista coletiva nessa sexta-feira (1) para contar mais detalhes sobre a 27ª fase da Lava Jato, chamada de Carbono 14.
A nova operação da Lava Jato aprofunda investigações de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o Banco Schahin, o PT, a Petrobras e empresários. Duas pessoas foram presas nessa sexta (1): o ex-secretário do PT Silvio Pereira, o Silvinho do PT, e o empresário paulista Ronan Maria Pinto, dono do jornal "Diário do Grande ABC". Outros dois foram alvos de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e liberado): o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman, diretor editorial do site Opera Mundi.
Mensalão era o esquema de pagamento de propina a parlamentares para que votassem a favor de projetos do governo. Foi o principal escândalo no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Há realmente, do meu ponto de vista, alguma ligação. Não é o mesmo esquema, mas são esquemas relacionados. Se você observar a época dos fatos, esse esquema do mensalão consistia em empréstimos fraudulentos junto ao banco rural e ao Banco BMG em troca de favores do governo", afirmou o procurador da República, Diogo Castor de Matos. "Posteriormente, as instituições financeiras eram agraciadas com algum favor do governo federal. O Banco Schahin era uma situação parecida. Estamos analisando fatos de outubro de 2004, o mensalão veio à tona em maio de 2005. Esse esquema ocorreu concomitantemente ao mensalão, então por isso você vai ter alguma recorrência de alguns personagens, como o Marcos Valério. Segundo o Marcos Valério, o Silvio Pereira (ex-secretário do PT) teria o procurado em 2004 para operacionalizar mais o esquema de capitais", completou o procurador da República. O empresário Marcos Valério foi considerado o principal operador do mensalão e está preso.

A 27ª. Fase

A nova operação foi intitulada Carbono 14 em referência a procedimentos utilizados pela ciência para a datação de itens e a investigação de fatos antigos.
Essa nova investigação aprofunda o esquema de lavagem de dinheiro de cerca de R$ 6 milhões por gestão fraudulenta do Banco Schahin, "cujo prejuízo foi posteriormente suportado pela Petrobras", segundo o Ministério Público Federal.
Em novembro passado, após ser preso, o empresário pecuarista Jose Carlos Bumlai, amigo próximo do ex-presidente Lula,admitiu em depoimento que o empréstimo de R$ 12 milhões captado em 2004 no Banco Schahin foi repassado para o caixa 2 do PT e metade desse valor transferido para Ronan Maria Pinto.
Nessa sexta, o MPF diz que foi realmente constatado que Bumlai contraiu o empréstimo fraudulento junto ao Schahin em outubro de 2004 para "quitar dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão."

Celso Daniel

Os promotores disseram que essa fase da operação visa apenas o crime federal de lavagem de dinheiro, sem qualquer relação com o assassinato do prefeito Celso Daniel.
"Basicamente o objeto de nossa investigação é o crime federal de lavagem de dinheiro. Nosso objeto é mais restrito que poderia ser da Justiça Estadual de São Paulo, investigamos aqui o crime de gestão fraudulenta do Banco Schahin. Os demais desdobramentos referentes a Santo André, cabe ao MP estadual. Em princípio, nosso objetivo é esclarecer a lavagem de dinheiro".
Celso Daniel foi sequestrado no dia 18 de janeiro, uma sexta-feira, ao sair de um restaurante na zona sul de São Paulo. Seu corpo foi encontrado dois dias depois em uma estrada de Juquitiba, na região metropolitana.