sexta-feira, 8 de abril de 2016

Impeachment ganha ainda mais força com delação da Andrade, parecer de Janot e pressão do PMDB contra dissidentes

Com Blog do Felipe Moura Brasil - Veja


Lula e governo sentiram o baque. Veja resumão



1) O parecer de Rodrigo Janot contra a posse de Lula frustrou os planos do petista de dar garantias a deputados na articulação contra o impeachment.
Segundo Andréia Sadi, da Globonews, o Planalto avalia que a posição do procurador-geral da República surpreendeu e terá peso no plenário do STF.
Lula e governo contavam com a derrota da decisão de Gilmar Mendes, que havia suspendido a posse, mas agora consideram incerto o resultado da votação na Corte, que só deverá ser discutida a partir do dia 20, quando o impeachment provavelmente já tiver sido votado (entre os dias 15 e 18, em princípio).
A delação da Andrade Gutierrez, cujos executivos admitiram o uso de dinheiro de propina no financiamento da campanha de 2014 de Dilma, também foi um banho de água fria para Lula e governo, que haviam começado a semana otimistas com os resultados parciais da compra de parlamentares.
Segundo Sadi, eles agora avaliam que as revelações (também) vão calibrar o processo de impeachment.
Para completar, o PMDB anunciou que vai fechar questão para suspender ou até expulsar parlamentares que votarem contra o afastamento de Dilma. A decisão foi costurada pela cúpula partidária, composta por Michel Temer, Romero Jucá, Moreira Franco e Eliseu Padilha.
O estatuto permite que o partido obrigue seus deputados a seguir uma posição se houver maioria na Executiva e nas bancadas, de modo que, para competir com o jogo sujo do PT, a medida contestada pela ala mortadela do PMDB se faz mais do que necessária.
“Governo repete a mesma prática do Mensalão para barrar o impeachment”, disparou Moreira Franco. “Deputados e senadores estão indo ao hotel falar com Lula e dividir o butim”.
Foi mais ou menos o que comentei no vídeo de 30 de março, “Atrás do impeachment só não vai quem se vendeu”.
2) Rodrigo Janot disse que mudou de posição sobre a posse de Lula porque analisou as provas em maior profundidade. Muito bem, Janot. Qualquer um que analise percebe a malandragem da manobra.
Como aliás comentei em primeira mão em 28 de março:
Janot Dilma tuite
3) Sobre a votação do impeachment no plenário da Câmara, um líder governista disse na quinta-feira à repórter Andréia Sadi:
“Tem 90 votos numa zona cinzenta, que ninguém sabe”.
Ele tinha razão.
Helio Gurovitz, do G1, cruzou as sondagens do Vem Pra Rua, do Estadão e do Datafolha sobre os votos e chegou nesta sexta ao número de 91 indefinidos.
O jornalista ainda calculou as porcentagens de votos favoráveis ao impeachment em cada partido a partir dos votos declarados e as projetou para todos os votos, incluindo os indefinidos, a fim de obter uma estimativa do resultado final.
A projeção indicou mais 43 votos a favor do impeachment que, somados aos 292 declarados, resultaram em 335 votos.
“Se a votação fosse realizada hoje, portanto, faltariam 7 votos para a aprovação do impeachment. É um resultado bastante apertado, uma margem pouco acima de 1% do total de deputados.
A influência do clima do plenário durante a votação será decisiva para o resultado. Se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, cumprir seu plano de chamar verbalmente os ausentes várias vezes e deixar para o final os deputados de Estados majoritariamente contrários ao impeachment, não será difícil chegar aos 342 votos.”
A delação da Andrade, o parecer de Janot, a expulsão de dissidentes do PMDB e a pressão das ruas ainda podem aumentar o placar.
Vem pra rua 17 do 4
4) Eduardo Cunha recorreu da decisão de Marco Aurélio Mello de mandar que ele abrisse processo de impeachment contra Michel Temer.
“Algum argumento político pode justificar esse comando judicial, mas jurídico não há nenhum”, escreveu o advogado da Câmara Renato Oliveira Ramos.
Ramos também citou a decisão de Celso de Mello que negou um novo pedido para desarquivar uma denúncia contra Temer na Casa, em defesa do princípio da separação dos poderes. Uma aula de democracia ao ministro 247, como escrevi aqui,
Cunha, de quebra, disse que será obrigado a acatar outros nove pedidos de impeachment contra Dilma caso seja mantida a decisão de Marco Aurélio.
Ótimo.
Queremos 10 impeachments de Dilma.
Queremos 10 a 1 no STF contra o ministro 247.