domingo, 22 de novembro de 2015

'Quero lhes dar tudo que falta', diz Macri após vitória na Argentina

Com O Globo e agências



Mauricio Macri, candidato opositor, vence eleição presidencial argentina no segundo turno - Ricardo Mazalan / AP

BUENOS AIRES — Frente aos apoiadores do partido Cambiemos, Mauricio Macri, novo presidente da Argentin, disse que está com o povo. O candidato governista Daniel Scioli, da Frente para Vitória (FPV) reconheceu a vitória do opositor Mauricio Macri (Partido Cambiemos) na eleição presidencial da Argentina. Macri garantiu a liderança da apuração com mais de 80% dos votos contabilizados. Em discurso emocionado no centro de reunião do partido, ele agradeceu aos líderes aliados, Ernesto Sanz, da UCR e Elisa Carrió, da Coalizão Cívica. Ele pediu aos que não votaram nele que se somem.

— Quer lhes dar tudo o que falta — disse Macri à multidão. — Quanta emoção! Obrigado, obrigado, obrigado!

Segundo o novo chefe de Estado, a mudança escolhida pelo povo "tem que nos levar ao futuro" e disse que a decisão não pode se deter em revanches e ajustes de contas.
— Esta mudança tem que por toda a energia em uma Argentina com pobreza zero, enfrentar o narcotráfico e unir cada dia mais os argentinos — comemorou Macri, segundo o "El País". — Quero dizer aos irmãos da América Latina e do mundo que queremos ter boas relações com todos os países.

Aos seus apoiadores, Scioli disse que o povo argentino optou por uma mudança. Segundo ele, Macri recebe o poder do país com índice de desemprego mais baixo. Ele afirmou que a dívida da Argentina se reduziu e houve investimento em educação e ciência.

— Colocamos todos nosso esforço, mas o povo elegeu uma alternativa que esperamos que Deus ilumine — afirmou Scioli no local que reuniu integrantes do partido e apoiadores em Buenos Aires. — A Argentina se transformou, se melhorou a distribuição do início. Sempre há coisas para melhorar, sempre há coisas que faltam.

Com o término da votação no segundo turno inédito na eleição presidencial na Argentina, os primeiros resultados, divulgados a partir das 19h30 locais (20h30 em Brasília), apontam 52,35% dos votos para Macri e 47,65% para o kirchnerista com 88,32% dos votados apurados, segundo a Direção Nacional Eleitoral. Caso a contagem dos votos confirme a possibilidade, seria o fim de 12 anos de governo kirchnerista, sob atual mandato de Cristina Kirchner.

As pesquisas de boca de urna consultadas ao longo do dia pelo jornal argentino "Clarín" apontam a vitória de Macri pelo partido Cambiemos. Segundo o veículo, as diferenças entre ele e o candidato kirchnerista, da Frente para Vitória (FPV), variam de 6 a 20 pontos percentuais nas sondagens. Outros meios da imprensa argentina também indicaram a preferência pelo empresário.

Por volta das 22h (23h em Brasília), serão divulgados os dados definitivos. A justiça eleitoral informou que a adesão às urnas chega a 79,9%, cerca de 24 milhões de eleitores. A previsão era que cerca de 32 milhões de pessoas compareçam às urnas. No primeiro turno, a participação foi de 81% dos cidadãos argentinos.

Antes mesmo do resultado oficial, que será divulgado por volta das 22h locais (23h em Brasília), governadores e outros políticos parabenizaram Macri pela vitória.

— Estamos muito felizes com a eleição, mas temos que ir passo a passo — afirmou Marcos Peña, chefe da campanha de Macri e possível chefe de gabinete do candidato no local em que dirigentes do Cambiemos se reuniu no centro de Buenos Aires.

Sergio Massa, candidato em terceiro lugar no primeiro turno com 21% dos votos, cumprimentou o candidato:

— Vamos acompanhar aquelas medidas para que sirvam aos trabalhadores e aposentados vivam melhor — disse Massa, segundo o "El País". — Vamos levantar a voz naqueles casos em que vemos que há caminhos que não levam a Argentina a um bom porto — advertiu.



Eleitor vota vestido com as cores da bandeira argentina - IVAN ALVARADO / REUTERS


VOTAÇÃO TRANQUILA

Em clima de tranquilidade, os eleitores argentinos votaram neste domingo em um pleito presidencial histórico que pode dar a vitória a Mauricio Macri, líder da aliança opositora Mudemos, na disputa com o peronista moderado Daniel Scioli. Essa é a primeira vez que um segundo turno é realizado no país desde a implementação do sistema, em 1994. Com o cenário ainda incerto, o candidato governista votou logo cedo, se mostrando confiante e esperançoso.

— Sabem o que sinto? Que hoje ganha o povo. Tenho muita fé e confiança — disse Scioli a jornalistas ao lado de sua esposa em um colégio eleitoral na região metropolitana de Buenos Aires, sem querer falar de seu adversário.

Mas as últimas pesquisas não apontam um cenário positivo para o peronista. Macri, que terminou o primeiro turno atrás de Scioli por uma margem pequena (36,7% contra 34,5%), conseguiu abrir vantagem no último mês e passou a liderar os levantamentos. Se o liberal vencer, será a primeira vez que um líder de direita e representante da alta sociedade conquista o poder em eleições livres. Esse resultado pode representar também uma mudança profunda do modelo econômico no país.

— É uma enorme alegria, sinto que estamos em um dia histórico, que vai mudar nossas vidas. Espero que comece uma nova etapa na Argentina. Amanhã, aconteça o que acontecer, vamos estar todos juntos — disse Macri, segundo o "La Nación", acompanhado pela esposa, Juliana Awada no posto eleitoral em que votou no bairro de Palermo, em Buenos Aires.

Após votar, no Twitter, o opositor publicou foto com a família com a mensagem: "Esperando".