Sonia Racy - O Estado de São Paulo
Depois de ter-se licenciado por um mês e meio do Conselho de Administração da Petrobras, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, pediu demissão do seu cargo na petroleira.
O pedido de licença, feito em 14 de setembro, terminaria nesta segunda-feira, dia 30. A presidente Dilma Rousseff já havia se aborrecido quando de seu afastamento provisório. Agora o descontentamento deve ser maior. A presidente está neste fim de semana em Paris, onde participa na segunda-feira da abertura da cúpula mundial sobre clima.
A Vale divide com a multinacional anglo-australiana BHP Billiton o controle acionário da Samarco, empresa envolvida há três semanas com o maior desastre ambiental da história do País: o rompimento das barragens na região de Mariana, em Minas Gerais.
Ao se afastar provisoriamente da Petrobrás em setembro, Ferreira havia alegado motivos pessoais — o principal era que a presidência da Vale passaria a exigir sua plena atenção por causa da queda do preço do minério nos mercados mundiais. Sua saída acontecia em momento delicado. Cinco dias antes a estatal petrolífera havia perdido o selo de boa pagadora da agência Standard & Poor’s e tinha pela frente decisões cruciais sobre novos cortes nos investimentos.