MARINA DIAS
GUSTAVO URIBE
Folha de São Paulo
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), era visto pelo Planalto como uma alternativa a Cunha na presidência da Casa, mas seu nome foi esvaziado pelos próprios colegas de partido, que não se sentiram representados pelas indicações de Picciani na reforma ministerial.
GUSTAVO URIBE
Folha de São Paulo
O Palácio do Planalto e a cúpula do PMDB decidiram interromper as negociações sobre a possível sucessão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), após avaliarem que ele deve permanecer no cargo pelo menos até o fim deste ano.
Integrantes do governo e caciques do PMDB acreditam que Cunha ainda tem apoio na Casa, e poderá recorrer a manobras regimentais para adiar o processo contra ele na Comissão de Ética da Câmara.
Suspeito de esconder contas bancárias na Suíça e acusado de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, o peemedebista foi alvo de representação do PSOL e da Rede, que pedem a cassação de seu mandado.
Mesmo com o agravamento das denúncias, a ordem no Planalto era aguardar a definição da cúpula do PMDB sobre o nome que poderia substituir Cunha e apoiar a eventual candidatura aliada para a presidência da Câmara.
Mas o receio de se indispor ainda mais com o peemedebista, que trocou acusações com Dilma no início da semana, fez com que o governo suspendesse as negociações.
Nesta quarta (21), Cunha recebeu um novo pedido de abertura de processo de impeachment contra Dilma e tem repetido que, apesar de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter interrompido o rito proposto por ele para tramitar os processos na Casa, deferir ou não os pedidos ainda é uma decisão sua.
Cunha também conta com o apoio dos líderes dos dois principais partidos de oposição, o PSDB e o DEM, que consideram que, enquanto estiver no cargo, ele mantém a legitimidade para tocar o dia a dia do Legislativo. Publicamente, os dois partidos defendem que Cunha se afaste da presidência da Câmara, mas nos bastidores continuam lhe dando suporte político.
A preocupação do Planalto e de setores governistas do PMDB é que um debate sobre a sucessão na presidência da Câmara neste momento possa enterrar a tentativa de acordo de trégua do governo com Cunha e prejudicar as votações no Congresso.
Para evitar que ele tenha controle do processo de sucessão, a cúpula do PMDB pretende levar a definição de um nome para substituir Cunha à Executiva Nacional do partido, que deve se reunir somente no ano que vem.
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), era visto pelo Planalto como uma alternativa a Cunha na presidência da Casa, mas seu nome foi esvaziado pelos próprios colegas de partido, que não se sentiram representados pelas indicações de Picciani na reforma ministerial.
O Planalto também teme uma nova derrota na disputa pela sucessão da Câmara.
Em fevereiro, quando Cunha foi eleito presidente da Casa, o governo apoiou a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP). A derrota na eleição da Câmara é vista como o início da crise política que acomete o governo.
Colaboraram RANIER BRAGON e DÉBORA ÁLVARES