quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Dilma 'trambique' agora quer subornar o Congresso contra decisão do TCU

GUSTAVO URIBE
ISABEL VERSIANI
MARINA DIAS


Folha de São Paulo


Numa semana na qual sofreu derrotas na Câmara dos Deputados e no Tribunal de Contas da União, a presidente Dilma Rousseff cobrou nesta quinta-feira (8) de sua equipe ministerial fidelidade dos partidos da base aliada no Congresso Nacional.

Em reunião com sua nova equipe, a petista disse que fez "os ajustes que foram pedidos", mas que agora precisa de resposta dos partidos que foram contemplados na nova configuração da Esplanada dos Ministérios.

Como sugestão do ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo), a presidente pediu que os ministros do PMDB façam reuniões semanais, às segundas-feiras ou terças-feiras, com a bancada do partido na Câmara dos Deputados em uma tentativa de reagrupar a sigla aliada, atualmente divida em relação ao governo federal.

Segundo a Folha apurou, o ministro chegou a dizer no encontro que o PMDB não está no governo federal, mas tem parte do governo federal. "A presidente reafirmou o pedido de atenção de cada ministro, principalmente do PMDB, para marcar uma reunião semanal para homogeneizar e fazer o balizamento da bancada do partido", disse o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.

A presidente avaliou ainda que o governo federal deve tentar reverter no Congresso Nacional a reprovação pelo TCU (Tribunal de Contas da União) da prestação das contas relativas a 2014.
Segundo o ministro da Casa Civil, a petista encarou com respeito a decisão e entende que agora a resposta do governo federal deve ser feita na CMO (Comissão Mista de Orçamento), a quem caberá produzir um parecer de aprovação ou desaprovação da prestação de contas.

"Evidentemente que a presidente preferia que a análise do TCU terminasse de outra forma. Ela encarou com respeito e entende agora essa é uma página que está virada e vamos fazer a batalha no julgamento, que é o julgamento que será feito no Congresso Nacional, ao nível da CMO (Comissão Mista de Orçamento)", disse.

O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, detalhou a defesa do governo federal em relação às pedaladas fiscais e sugeriu que cada ministro tenha uma cartilha de perguntas e respostas para fazer a defesa do Palácio do Planalto em relação ao tema.

O ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) chegou a discordar abertamente, inclusive dos aspectos econômicos que estão nos documentos entregues ao TCU.

Wagner ressaltou ainda a necessidade de desobstrução dos acordos feitos anteriormente com partidos da base aliada para melhorar a relação com o Palácio do Planalto. Em troca do apoio das pautas do governo federal, partidos como PR, PRB, PTB e PP têm cobrado a liberação de emendas parlamentares e a indicação para cargos de segundo escalão.

"É importante que os ministros cobrem de suas bancadas uma postura de sustentação do governo federal", disse. "É necessário que façam um trabalho com as suas bancadas para que tenhamos sucessos nas votações daqui para a frente", acrescentou.

O petista disse ainda que o governo federal acompanhará com atenção a movimentação da oposição em relação a um eventual processo de impeachment e ressaltou que ele não pode ser tratado como "instrumento de disputa política".

"Ima ferramenta tão nobre, portanto tão especial, como o processo de impeachment não pode ser tratada como uma ferramenta de disputa politica. As pessoas estão catando as coisas para tentar dar consistência artificial a um processo como este", criticou.