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Peças serão substituídas por sacos de papel, que custarão US$ 0,10 aos consumidores
LOS ANGELES E SACRAMENTO - A Califórnia se tornou o primeiro estado americano a banir as sacolas de plásticos em supermercados e grandes lojas de varejo, depois que o governador Jerry Brown, democrata de 76 anos, assinou na terça-feira um decreto com o objetivo de evitar que bilhões delas acabem em aterros e cursos d’água.
Com a medida, a partir de 1º de janeiro de 2015, as lojas com pelo menos 929 metros quadrados de espaço de chão não podem mais oferecer sacolas de plástico e terão que cobrar pelo menos US$ 0,10 pelas substitutas de papel. No ano seguinte, a proibição será estendida igualmente às pequenas lojas.
Brown assinou o decreto a pedido de grupos de ambientalistas, tais como o Sierra Club, assim como sindicatos de trabalhadores, lobistas do setor de pequenas mercearias e lojas varejistas, e Target Corp., segundo uma análise de lei. Eles argumentam que cerca de 14 bilhões de sacolas de uso único são entregues anualmente a consumidores da Califórnia, muitas das quais contribuindo para a poluição.
“Esta lei é um passo na direção certa: ela reduz a torrente de poluição plástica de nossas praias, parques e mesmo o vasto oceano”, escreveu Brown em uma declaração divulgada na terça-feira. “Somos os primeiros a banir essas sacolas, e não seremos os últimos.”
Los Angeles e San Francisco estão entre as mais cem cidades e distritos que já haviam proibido a entrega de sacolas plásticas em seu comércio varejista. A Califórnia é o primeiro governo a determinar uma proibição em nível estadual, embora todos os quatro condados populosos do Havaí já não permitam o uso dessas sacolas.
FABRICANTES REAGEM
Vinte e oito estados estão debatendo se vão banir ou taxar o uso de sacolas plásticas, de acordo com o Bag the Ban, site financiado pelo Hilex Poly, fabricante de sacolas em Hartsville, na Carolina do Sul.
A American Progressive Bag Alliance informou que está angariando assinaturas para pedir um plebiscito em 2016 para reverter a proibição.
A lei busca “tomar dos consumidores californianos bilhões de dólares sem prover qualquer benefício público — tudo sob o pretexo do ambientalismo”, escreveu Lee Califf, diretor-executivo do grupo corporativo que representa os fabricantes de sacolas.
A medida, porém, agradou ambientalistas como Nathan Weaver, do Environment California:
“Aplaudo o governador Brown por assinar o SB 270 (número do decreto) e iniciar a retirada de uso de sacolas plásticas de uso único. Nada que se usa por alguns minutos deveria poluir nosso oceano por centenas de anos”, escreveu ele em um comentário no site Yahoo News Digest.
GOVERNADOR ‘ANTENADO’
A proibição do uso de sacolas plásticas é uma entre outras medidas do governador do estado mais populoso dos Estados Unidos, reafirmando sua posição como laboratório para questões desde violência com armas de fogo e meio ambiente às mais íntimas relações humanas.
Além de banir as sacolas, Brown assinou esta semana uma lei que obriga jovens estudantes universitários a verbalizar o consentimento ao sexo. Ele também colocou a Califórnia na liderança da venda de carros elétricos; proibiu o manuseio de armas de fogo por pessoas mentalmente instáveis e concedeu licenças remuneradas a milhões de trabalhadores doentes ou acidentados.
Ao colocar sua marca em 930 leis, o maior número em um único ano desde que ele assumiu o governo em 2011, Brown demonstrou habilidade para articular coalizões entre democratas e republicanos para aprovar mudanças, mesmo quando em Washington os parlamentares se digladiam, aprisionados em impasses.
Enquanto busca um inédito quarto mandato, o governador californiano prometeu sustentar a austeridade fiscal e construir uma linha ferroviária de alta velocidade de US$ 68 bilhões.
Ele está em campanha para economizar dinheiro para os tempos de vacas magras e vender títulos para financiar infraestrutura de fornecimento de água, medidas que formam a base de sua plataforma política.
— Tivemos algumas coisas boas realizadas e tivemos um governador que queria fazer coisas que coincidiam com aquilo que os republicanos vem cobrando há muito tempo — disse o líder republicano do Senado, Bob Huff. — A verdadeira razão pela qual fizemos as coisas este ano é porque o governador queria que elas fossem feitas.