Ramona Ordoñez - O Globo
Medida foi tomada por dívidas acumuladas de R$ 6,1 bilhões por subsidiária da Eletrobrás
A Petrobras Distribuidora (BR) suspendeu desde o último dia 1º o fornecimento de óleo diesel para as térmicas da Manaus Energia, subsidiária da Eletrobras responsável por cerca de 10% do fornecimento de energia da região. A BR já tinha avisado à Eletrobras que só forneceria o combustível a partir desse deste mês com o pagamento à vista, enquanto não fosse equacionado o pagamento de uma dívida acumulada de R$ 6,1 bilhões referente à venda de combustível. A Eletrobras, assim como a Manaus Energia, confirmaram a suspensão do recebimento do combustível, mas garantiram que o fornecimento de energia não foi afetado. A Manaus Energia não informou, contudo, até quando seus estoques do combustível são suficientes.
A BR, por sua vez, continua se recusando a falar sobre o assunto, alegando sigilo comercial com seus clientes, mas fontes da companhia afirmaram que as duas partes prosseguem em negociações para chegar a uma solução para o problema.
Segundo a Eletrobras, do total da dívida, falta negociar e se chegar a acordo sobre R$ 5,7bilhões, uma vez que já está certo que serão pagos à BR R$ 452 milhões referentes às dívidas antigas, com parte do empréstimo no valor de R$ 6,5 bilhões que a estatal receberá em breve do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal (CEF). Outros R$ 400 milhões referentes ao pagamento de junho, vencerão agora em agosto quando deverão ser pagos. Portanto, o que está sendo negociado entre as partes são os R$ 5,2 bilhões restantes das dívidas.
O problema ocorre porque o Tesouro Nacional não está repassando às geradoras térmicas a óleo de Manaus os recursos que complementariam os oriundos da Conta de Consumo de Consubstíveis (CCC). A CCC é um subsídio pago por todos os consumidores do país para evitar que os consumidores da região Norte paguem um preço alto demais em suas tarifas por ter sua energia gerada, em grande parte, por usinas térmicas a óleo.
Os valores pagos pelos consumidores vão para a Conta de Desenvolvimento Econômico (CDE) e daí para a CCC, que banca o combustível e outros insumos (logística de distribuição, impostos, pessoal, por exemplo) de todas as usinas a óleo e carvão do Brasil. Só que esses valores não estão sendo suficientes para cobrir todos os gastos com as térmicas, que vêm operando a pleno vapor por causa da falta de chuvas, que fazem os reservatórios das hidrelétricas estarem em níveis muito abaixo do normal.
