segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Com otimismo nos Estados Unidos, Ibovespa sobe 1,28%

- O Globo

Petrobras e bancos fazem índice recuperar parte das perdas da semana passada

 
Seguindo o mercado externo, a Bolsa brasileira fechou em alta nesta segunda-feira, recuperando parte das perdas da semana passada. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, subiu 1,28%, aos 56.616 pontos. O indicador havia recuado 3,32% no acumulado da semana passada. Já o dólar comercial fechou em leve alta de 0,08%, cotado a R$ 2,2620.

As ações mais negociadas do Ibovespa (Petrobras, Vale e o grandes bancos) ganharam força no final do pregão e contribuíram para uma segunda-feira de ganhos. O analista da Guide Investimentos Luis Gustavo Pereira explicou que semana passada a tensão foi maior devido às dúvidas sobre a capacidade de financiamento das empresas. Essa cautela foi global e ocorreu em razão do calote da Argentina e dos problemas enfrentados pelo Banco Espírito Santo (BES), de Portugal.

— Foi um cenário marginalmente negativo para as empresas e houve uma cautela geral no mercado. Esse cenário foi mitigado com os dados sobre a melhora da economia americana, como a divulgação da geração de empregos — afirmou.

Na avaliação de Pedro Paulo Silveira, economista da corretora TOV, apesar da alta, ainda há motivos que podem pressionar a Bolsa brasileira, devido à falta de clareza sobre quando o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sobre quando o irá elevar os juros.

— Nesse cenário, qualquer evento pode disparar um movimento de venda. Saber quando os juros vão começar a subir nos Estados Unidos é o que vai dominar as atenções — afirmou.

Outra notícia externa que contribuiu para melhorar o humor dos investidores foi o plano de recuperação do (BES), em Portugal. Com isso, as ações da Oi sobem 1,40%. A Portugal Telecom, uma das controladoras da Oi, investiu em papéis de uma das empresas do BES, que irá passar por uma reestruturação financeira.

Nos Estados Unidos, o Dow Jones teve alta de 0,46% e a Nasdaq avançou 0,72%. Já na Europa, os principais índices operam em direções opostas. O índice DAX, de Frankfurt, fechou com queda de 0,61%. Já o CAC 40, de Paris, subiu 0,34% e o FTSE, da Bolsa de Londres, ficou praticamente estável, com leve queda de 0,02%.

— Se os Estados Unidos estiver realmente crescimento mais forte que o esperado, o mercado começa a achar que os juros por lá vão subir mais cedo. Isso, definitivamente, é algo que pode atrapalhar os mercados emergentes — alertou André Leite, gestor da Tag Investimentos, sobre um fator que ainda deve causar volatilidade nos mercados locais.


BAIXO VOLUME

As ações da Petrobras e dos bancos foram os destaques do pregão. As preferenciais (sem direito a voto) da estatal avançaram 2,36% e as ordinárias (sem direito a voto) subiram 2,52%. O setor bancário também fechou em terreno positivo. Itaú subiu 1,43% e o Bradesco 1,17%. Já o Banco do Brasil subiu um pouco menos, 0,84%.

Mas apesar da alta, o gerente de renda variável da corretora H.Commcor, Ari Santos, lembra que o volume foi baixo. O giro financeiro foi de R$ 2,x bilhões, ante a média diária de R$ 6 bilhões do mês de julho.

— A Petrobras puxou o índice, mas o baixo volume mostra a cautela dos investidores — avalia o especialista.


DESTAQUE NO SETOR DE VAREJO

Entre as maiores altas do Ibovespa, o destaque ficou com as ações da Hering, que avançaram 5,82%. O papel foi beneficiado pela recomendação de compra, para o curto prazo, feita por um banco estrangeiro, mas também pelos rumores de fusões no setor.

Fora do índice, a Lojas Marisa teve uma forte alta, de 9,08%, após o rumor de que iria se fundir com a Lojas Renner, que negou a negociação. Já a Lojas Renner registrou avanço de 3,31%.
Apesar da forte alta, o volume financeiro referente aos papéis da Marisa foi baixo, pouco acima de R$ 1,5 milhão.

Segundo Pereira, da Guide Investimentos, com o rumor, o setor de varejo apresentou alta porque foi criada a expectativa de uma fase de consolidações entre as empresas que atuam nessa área.


EFEITO DO LEILÃO DO BC

No mercado de câmbio, o dólar comercial ficou praticamente estável diante o real. A moeda americana registrou leve alta de 0,08%, terminando os negócios cotada a R$ 2,2600 na compra e a R$ 2,2620 na venda.

Segundo João Paulo de Gracia Corrêa, da Correparti Corretora de Câmbio, o pregão desta segunda-feira foi marcado pelo baixo volume de negócios. Houve um recuo na cotação nas primeiras horas de negócios, com o início da rolagem dos contratos de swap (que equivalem a uma venda de moeda) que vencem no início de setembro. "Com o dólar acima de R$ 2,26 na semana passada, a expectativa era de que o Banco Central projetasse uma rolagem total para os vencimentos de setembro", explicou.
Pela manhã, foram ofertados 8 mil contratos em um total de US$ 395,1 milhões. Na avaliação de Corrêa, o BC deve deixar de rolar cerca de US$ 2 bilhões dos contratos que vão vencer, por isso a moeda americana deixou de cair.