Henrique Gomes Batista / Ramona Ordoñez - O Globo
Petrobras tem R$ 850 milhões a receber de termelétricas e passa a cobrar óleo combustível à vista
Uma dívida de R$ 850 milhões pode fazer com que o fornecimento de energia elétrica na Região Norte seja comprometido. Esta dívida é o valor que a Eletrobras deve à Petrobras pelo fornecimento de combustível para a geração de termelétricas. Fontes ligadas à negociação afirmam que a falta de luz pode começar a ocorrer ainda neste fim de semana, embora oficialmente a Amazônia Energia descarte qualquer risco.O problema aconteceu porque as geradoras do Norte, pertencentes à Eletrobras, recebem uma parcela da Conta de Consumo de Combustíveis em Sistemas Isolados (CCC-ISOL) para manter a tarifa em patamar semelhante ao do resto do país. Mas, desde o início do ano, o Tesouro tem represado parte desses recursos. Isso fez com que essas geradoras deixassem de pagar R$ 850 milhões à Petrobras pelo óleo combustível usado por suas térmicas.
Diante do montante acumulado, a Petrobras decidiu suspender a venda de combustíveis com pagamento a prazo, informando que só liberaria o produto com pagamento antecipado. Fontes das estatais afirmam que um acordo deve ser fechado até segunda-feira.
Entretanto, o caso é um pouco mais complexo. Recentemente, o Tribunal de Contas da União questionou a CCC-ISOL porque Manaus, apesar de já estar ligada a linhas de transmissão com o restante do país, ainda não está totalmente interligada pela falta de obras locais.
Assim, o TCU entende que não há justificativa para a manutenção do subsídio, já que a região só não está integralmente interligada por falta de obras locais.
ELETROBRAS CONFIRMA ALERTA
A Eletrobras confirmou que recebeu anteontem uma carta da Petrobras Distribuidora (BR), subsidiária da Petrobras que atua na distribuição de combustíveis, reiterando o que já havia sido informado em outras duas correspondências: a partir do dia 1º de agosto, a petrolífera só forneceria combustível para as térmicas que fornecem parte da energia consumida em Manaus com o pagamento à vista.
Na noite de sexta-feira, no entanto, a Eletrobras disse não ter notícias de que a BR teria suspendido o fornecimento do combustível para a região. A primeira conversa entre as empresas sobre o assunto começou há três meses. O objetivo era encontrar uma solução para os atrasos no pagamento pelo óleo combustível.
A BR informou que não comentaria a negociação entre as empresas por se tratar de um assunto de “natureza comercial na relação com seus clientes, protegida por sigilo do negócio.” Fontes técnicas da distribuidora confirmaram que estão em cursos intensas negociações entre a BR e Eletrobras para resolver o impasse.