sexta-feira, 28 de março de 2014

"Dilma beneficiou grande capital, mas prejudicou estatais", por Miriam Leitão

O Globo

 

A bolsa subiu ontem com força, puxada pelas ações das empresas estatais, influenciada pela pesquisa CNI/Ibope, que mostrou queda na popularidade do governo Dilma. O Ibovespa fechou em alta de 3,5%. Isso significa que os investidores, pequenos ou grandes, têm uma percepção de que a ação da presidente Dilma em relação às estatais tem sido danosa ao investidor.

Vamos lembrar que a Petrobras também tem acionista pequeno, não é só o grande capital. Este, na verdade, foi até beneficiado pelo governo da presidente Dilma com a volta da política dos “campeões nacionais”, usada no governo militar, com a ideia de que alguns empresários deveriam receber empréstimos mais baratos para que as empresas se tornassem multinacionais brasileiras. Isso puxaria o crescimento do Brasil.

Essa mesma ideia foi colocada em prática no governo Dilma, e o BNDES recebeu muito dinheiro para escolher esses campeões. Alguns grupos se beneficiaram; outras já tiveram dificuldades financeiras. O grande capital foi muito beneficiado. E, além disso, teve um canal de diálogo com o governo no “Conselhão”.

O problema apontado por muitos é que, por razões de gestão, o governo tem desorganizado alguns setores, como o de eletricidade. Uma MP mudou completamente a situação, descapitalizando as empresas – estatais e privadas. E a política do governo em relação à Petrobras tem levado a companhia a perder valor de mercado.

Hoje, Petrobras e Eletrobras, juntas, valem R$ 200 bi a menos do que valiam em 2008. Essa desorganização e a desvalorização das ações da empresa assustam quem está no mercado comprando ações - grandes ou pequenos investidores. O que se quer é uma mudança de atitude do governo. Esse foi o sinal dado pela Bolsa ontem.