Presidente Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade | Foto: Ricardo Stuckert/PR
Desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência do Brasil, em 2023, o país enfrenta um aumento significativo no desperdício de vacinas. Dados mostram que 58,7 milhões de doses tiveram descarte em razão de vencimento, número que representa um aumento de 22% em relação ao governo anterior. Com Jair Bolsonaro, 48,2 milhões de doses foram inutilizadas em quatro anos. Especialistas sugerem que esse aumento pode ter correlação com falhas na gestão, como a compra de vacinas perto da data-limite de validade. Além disso, é possível que haja, no país, efeitos de movimentos contrários à vacinação. De acordo com o Ministério da Saúde, parte dessas vacinas chegou na administração anterior.
O impacto financeiro dessa situação soma R$ 1,75 bilhão até o momento, o maior desperdício desde 2008, durante o segundo mandato de Lula. Para evitar futuros desperdícios, a pasta implementou novas medidas na distribuição, como entregas parceladas e substituição de vacinas por versões mais recentes aprovadas pela Anvisa. Em 2023, 39,8 milhões de doses foram descartadas, gerando um custo de R$ 1,17 bilhão. Entre janeiro e novembro de 2024, mais 18,8 milhões de vacinas se perderam, acarretando um custo adicional de R$ 560,6 milhões. As vacinas contra a covid-19 foram as mais desperdiçadas — três de cada quatro doses inutilizadas.
Atualmente, apenas 19,38% da população recebeu a segunda dose de reforço. A médica Margareth Dalcolmo destacou, ao jornal O Globo, que “lotes recebidos perto do vencimento e baixa procura da população” foram fatores críticos para as perdas de imunizantes. Além das vacinas contra a covid-19, outros imunizantes, como DTP, febre amarela e meningocócica, também foram a descarte. Isso ocorreu apesar de um aumento na cobertura vacinal dessas doenças.
A vacinação contra DTP aumentou de 64,4% em 2022 para 87,5% em 2024. Leia também: “Picaretagem cultural” , reportagem de Silvio Navarro publicada na Edição 242 da Revista Oeste A cobertura vacinal para febre amarela subiu de 60,6% para 75,4%, enquanto a meningocócica cresceu de 75,3% para 95,3%.
A epidemiologista Carla Domingues enfatizou a necessidade de “buscar ativamente crianças e outros públicos-alvo” para melhorar a adesão às campanhas de vacinação. Apesar do aumento na cobertura vacinal, muitas doenças ainda não atingiram a meta de 95%. Especialistas ressaltam a importância de uma articulação eficiente entre governo federal, Estados e municípios para uma maior efetividade nos programas.
Revista Oeste