domingo, 13 de outubro de 2024

'O alto preço da ideologia patológica', por Adalberto Piotto

 

Foto: Revista Oeste/IA


Em menos de 2 anos de mandato, Lula mandou às favas a eficiência administrativa do governo Bolsonaro e destruiu a economia do país 


Quanto custou ao Brasil a imposição da ideologia do lulopetismo à economia brasileira a partir de 2023, quando Lula tomou posse um terceiro mandato? Se as escolas de economia e de ciências sociais ainda se detivessem em produzir ciência e pesquisa de verdade, saindo do debate partidário rasteiro que as contaminou, teríamos esse número e a mensuração de todo o retrocesso de mais um solavanco brasileiro produzido artificialmente por cabeças atrasadas. 

Não temos esse número com exatidão, mas podemos fazer um cálculo aqui entre nós. E a percepção final será muito próxima da realidade. Comecemos com uma declaração recente do ministro da Defesa, José Múcio, um dos poucos comprometidos com os fatos e o país no atual governo por se distanciar do núcleo palaciano do rame-rame sem propósito que assola o país. Ao reclamar da interferência da ala ideológica do governo, a que pulsa mais forte no coração de Lula — um palanqueiro, e jamais administrador — para a compra de carros blindados para o Exército, Múcio deixou claro que resultado, eficiência, interesses do Estado e bem-estar da população não são prioridades deste governo. O caso concreto revela o descaso com a modernização rápida do Exército e com o dinheiro público.

A indústria israelense Elbit Systems venceu, em abril deste ano, a licitação para o fornecimento de 36 veículos blindados de disparos de grande alcance e precisão, os chamados obuseiros, num negócio de R$ 1 bilhão. O produto israelense — ou “judeu”, como disse Múcio — era melhor em preço e qualidade do que todos os concorrentes. De lá para cá, o negócio está emperrado porque Celso Amorim, assessor palaciano de Assuntos Internacionais de Lula que ofusca o Itamaraty, trava o negócio. No entendimento de Amorim, como o primeiroministro Benjamin Netanyahu declarou Lula “persona non grata”, negócios com Israel não podem avançar mais. 

Não entra na conta de Amorim a sucessão de declarações desastrosas do chefe brasileiro que ofenderam o povo israelense atacado por terroristas em seu território e que assombram o mundo civilizado inteiro. Tampouco a desconexão do governo Lula com a história de equilíbrio da antes respeitada diplomacia brasileira, além dos laços históricos de amizade entre os dois países. Para o atual governo, a vaidade ideológica de Lula e de seu entorno é mais importante do que decisões técnicas do Ministério da Defesa e das Forças Armadas, que vivem sob um dos piores momentos de sucateamento de seus equipamentos militares, o que compromete a defesa do território nacional. Por ideologia, quando Israel é parte do negócio, o governo Lula faz do interesse público brasileiro uma ideia non grata.

Voltemos um pouco mais no tempo. No afã de ter muito dinheiro para gastar e impor o perdularismo genético e maléfico do PT que deforma a vida brasileira, Lula negociou uma emenda fura-teto de R$ 197 bilhões para seu primeiro ano de mandato, ainda na transição. Um Congresso vendido pela promessa de emendas do partido que criou o Mensalão e acovardado em defender o legado que ajudara a construir deu a Lula autorização para gastar, um salvo-conduto para a irresponsabilidade fiscal sem receio de o presidente sofrer um processo de impeachment. 

Qual é o sentido da nova leva de irresponsabilidade fiscal petista se o governo de Bolsonaro havia entregado o país com um superávit fiscal acima de R$ 54 bilhões no final de mandato, apesar da pandemia e da guerra na Ucrânia? Surpreendendo o mundo com uma recuperação mais rápida e bem-sucedida, o Brasil encerrava o ano de 2022 com crescimento de 2,9% do PIB, alta nos investimentos externos e melhora do ambiente socioeconômico, mesmo se impondo uma rígida disciplina fiscal e respeito à coisa pública. 

Tínhamos a receita sustentável de fazer o bolo crescer e dividi-lo, mas Lula veio com a ideologia ultrapassada de sempre e jogou tudo fora no tal governo de “reconstrução” que só faz acumular déficits e ideias ruins que pioram a vida brasileira.

Logo no início de seu primeiro ano, picuinhas presidenciais de animador de palanque sindical atrasaram a queda da taxa básica de juros. De março de 2021 a agosto de 2022, o Comitê de Política Monetária do Banco Central havia elevado a taxa Selic por 15 vezes consecutivas para combater a ameaça inflacionária que assombrava o planeta. Apesar disso, a lógica de política liberal de atração de investimentos, menos burocracia e austeridade fiscal do então ministro da Economia, Paulo Guedes, tiraria o país dos efeitos de uma pandemia global e de uma guerra em outro hemisfério. O país viria a crescer em 2021 e 2022, mesmo com juros que atingiram o astronômico patamar de 13,75% ao ano. Lula ignorou a eficiência administrativa da gestão anterior, partiu para a explosão fiscal e, de forma grosseira e sem nenhum respeito à liturgia do cargo, começou a atacar Roberto Campos Neto, presidente Banco Central. 

O incômodo de Lula era a impossibilidade de interferência política no banco que manteve as decisões técnicas para cumprimento da meta de inflação ancorado na emenda constitucional que lhe garantiu autonomia de ação. Autonomia esta que o governo Bolsonaro trabalhou para ver aprovada no Congresso. Restou ao ocupante do Palácio do Planalto o insano barulho ideológico e o afrouxamento fiscal de seu governo que só conseguiram provocar atrasos na queda da Selic. Pior, diminuíram os investimentos externos, reduziram a confiança no país e criaram um clima de confronto institucional completamente ultrapassado e desnecessário. Como o governo insistiu na gastança, colecionando déficits mensais, o Banco Central teve de voltar a subir os juros. 

Na última semana, o Senado aprovou a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, a partir de janeiro. Na sabatina do Senado, Galípolo, que tem defendido a postura técnica da instituição nas votações que têm sido unânimes, disse que tem boa relação com Lula e com Roberto Campos Neto. Se mantiver a política de controle inflacionário da atual gestão, como se espera, ou vai arranjar briga com o presidente da República ou vamos descobrir que o Lula falastrão e deselegante só fez atrasar o país. 

Mais uma vez. 


Adalberto Piotto, Revista Oeste