Vale de R$127 bilhões está no mesmo patamar das maiores indenizações já pagas por empresas envolvidas em catástrofes ambientais
A resistência do governo Lula (PT) em aceitar o valor proposto pela Vale para reparar os danos da tragédia de Mariana tem sido encarado pelo mercado como estratégia de barganha para aumentar a influência na companhia com a sugestão de um novo nome para a presidência, após a indicação de Guido Mantega ter sido amplamente criticada. O caso vem atraindo a atenção pelo tamanho do dinheiro.
De acordo com advogados que acompanham causas semelhantes em outros países, o valor que a Vale colocou na mesa, de R$127 bilhões, está no mesmo patamar de uma das maiores indenizações já pagas por empresas envolvidas em catástrofes ambientais.
Para compensar a tragédia da sonda petrolífera Deepwater Horizon, que afundou em 2010 causando uma poluição devastadora no Golfo do México, a BP concordou em pagar num acordo histórico com a Justiça dos Estados Unidos US$18,7 milhões em 2015, ou R$ 126,9 milhões a valores atuais – o mesmo que a Vale está disposta a desembolsar.
Para se ter ideia do tamanho do montante, o escritório de advocacia internacional Pogust Goodhead processou a Volks no Reino Unido em 193 milhões de libras – o equivalente a R$1,25 bilhão.
O mesmo escritório, especializado em causas coletivas, move agora uma ação contra a Vale na Justiça de Londres, onde pedem cerca de R$230 bilhões. Mas, nesse caso, as vítimas e a região de Minas afetadas pela tragédia não seriam beneficiadas com a indenização total, pois os advogados gringos à frente da causa pretendem embolsar quase a metade do valor se forem bem-sucedidos no processo.
Diário do Poder