domingo, 21 de maio de 2023

'Lula e o STF querem construir um vasto mecanismo de censura', diz J.R. Guzzo

A desculpa oficial para se fazer isso, hipócrita e incoerente, é 'colocar ordem no caos da internet'


O ex-presidiário quer liberdade para agir sem oposição e sem a polícia por perto

De que tamanho estará a liberdade de imprensa no Brasil daqui a, digamos, dois anos? 

Não só a liberdade de imprensa propriamente dita, mas a liberdade de manifestação em geral — essa que permite ao cidadão dizer o que pensa, e ao homem público expor as suas convicções políticas. 

Dois anos atrás, no meio do governo Bolsonaro, não havia restrição nenhuma para a livre manifestação do pensamento no Brasil. 

A demonstração objetiva disso não está em nenhuma equação complexa sobre a natureza dos polinômios algébricos. 

Basta constatar a quantidade de pauladas que o governo anterior recebeu na mídia, nas redes sociais e em qualquer outro meio de expressão — a maior que uma administração pública já levou em toda a história deste país. 

Muito bem: alguém acredita, honestamente, que a liberdade de expressão no Brasil vai ser amanhã o que ela foi ontem?

O comunista Flávio Dino tem sido o mais ferrenho apoiador do PL 2630, que vai regular as redes sociais| Foto: Saulo Ferreira Angelo/Shutterstock

Os sinais de que o regime Lula-STF está trabalhando na criação de um vasto mecanismo de censura no Brasil tornam-se cada vez mais óbvios e extremos. 

A desculpa oficial para se fazer isso, hipócrita e incoerente, é “colocar ordem no caos da internet”, onde as pessoas dizem coisas horríveis; no momento, a última moda na esquerda é acusar as redes sociais de causarem massacres em série nas escolas brasileiras. 

Lula e Gilmar cochicham e o Brasil paga caro

Temos de parar com essa barbaridade, não é mesmo? 

Não é nada disso, claro. 

O que a lei de censura do governo e do STF quer, e diz isso por escrito, é punir a “desinformação”, a notícia “falsa”, as afirmações “fora do contexto”, as “conclusões enganosas” — ou seja, na prática, tudo aquilo que a polícia do pensamento a ser instalada pelo PT não quiser que se leve a público. 

É isso — não tem absolutamente nada a ver com creches e psicopatas que atacam crianças à machadinha.

Na verdade, eles não conseguem mais se conter — e deixam cada vez mais claro o que pretendem fazer com a liberdade de expressão no Brasil. 

Há pouco, por exemplo, a presidente do PT acusou os editoriais de O Estado de S. Paulo, que têm feito críticas ao governo, de serem “raivosos, ignorantes, desinformados e mofados”. 

Tudo bem. 

Ela tem o direito de achar o que quiser dos editoriais do jornal; ninguém é obrigado a gostar de jornal nenhum. 

Mas o que impede o comitê de censura, amanhã, de decretar que um ou mais desses editoriais estão “fora do contexto”, ou levam a “conclusões enganosas”, e punir o jornal por causa disso? 

As cabeças da presidente do PT e dos futuros censores são as mesmas.

O ministro da Justiça acaba de nos informar, por sua vez, que “a liberdade de expressão como um valor absoluto é uma fraude” — e que o seu tempo “acabou”. Faça seus cálculos.

Texto publicado originalmnte no O Estado de São Paulo

Leia também: “A bofetada do Benedito”, artigo de Augusto Nunes publicado na Edição 165 da Revista Oeste

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