domingo, 26 de março de 2023

Psiu! Conheça a história da enfermeira que pede silêncio

O nome da mulher é Muriel, modelo argentina que posou para a icônica foto em 1953

"El rosto que habla", o rosto que fala. Imagem: Revista Paralelo 38/Reprodução
"El rosto que habla", o rosto que fala. Imagem: Revista Paralelo 38/Reprodução

Uma das campanhas publicitárias mais conhecidas no âmbito da cultura pop é a enfermeira que pede silêncio. A foto do gesto discreto que inspira cuidado corre o mundo desde a década de 1950; mas a modelo, que era argentina, jamais exerceu a enfermagem.

Muriel Mercedes Wabney é a enfermeira que pede silêncio

O nome da modelo argentina que pede silêncio em ambientes médicos e hospitalares é Muriel Mercedes Wabney. Muriel aparece com o dedo indicador diante dos lábios. Sua identidade foi revelada há pouco mais de cinquenta anos, na edição 321 de 5 de setembro de 1970 da revista Paralelo 38. A enfermeira foi capa desta edição.  

El rosto que habla, revista Paralelo 38

El rosto que habla” foi ideia de um marketeiro chamado Juan Craichik, empregado do Laboratório Taranto, fabricante de instrumentos cirúrgicos e laboratoriais na Argentina. Em 1953, quando fazia uma visita inspecional a um hospital de Rosário, Craichik ficou incomodado com o ambiente barulhento da sala de espera. “A sala estava lotada e, de vez em quando, uma enfermeira pedia silêncio”, disse ele. O esperto marketeiro então idealizou uma imagem forte que cumprisse a função de pedir silêncio.  

Juan Craichik

A Taranto gostou da ideia e recrutou várias modelos, Muriel foi escolhida para estampar a foto. “Seu rosto era diferente, suave, harmonioso, doce (…) autoritariamente doce”, explicou Craichik. A mulher que pede silêncio já havia sido modelo exclusiva da loja Harrod’s; também foi modelo de Jean Cartier e da fábrica de tecidos Ducilo. A sessão de fotos durou uma tarde inteira; mas, curiosamente, o autor e a empresa não lucraram com a distribuição mundial da imagem. Da vida pessoal da discreta Muriel pouco se sabe. Durante uma entrevista a Carlos Guardiola, na década de 1970, ela disse que era casada, mas não tinha filhos. Interpelada sobre o que sentia ao ver a imagem quando ia a um hospital, Muriel disse: “Sinto que o tempo passa (…) De todo modo, é uma grande satisfação”.

Vitor Marcolin, Revista Oeste