Somadas, as 11 principais cidades da região têm receita de R$ 968 bilhões e quase 13 milhões de eleitores
Cerca de 13 milhões de eleitores que irão às urnas nestas eleições vivem na região metropolitana de São Paulo. Isso representa quase 9% de todos os brasileiros que podem votar, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além de ser uma enorme aglomeração urbana, essas cidades — incluindo a capital paulista — formam o maior polo de riqueza nacional. Conquistar um cargo eletivo ali é, portanto, uma forma de equilibrar as forças políticas no Estado mais rico do país.
São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Osasco, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos, Mauá e Franco da Rocha formam as 11 principais cidades desse cinturão que, até 2012, chegou a ser conhecido como “cinturão vermelho” por ter sido majoritariamente dominado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que comandava sete administrações dessa lista.
Em 2016, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e os diversos escândalos de corrupção envolvendo o partido e seu principal líder, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a situação se modificou completamente. Apenas Franco da Rocha continuou nas mãos da legenda, com a reeleição de Kiko Celeguim.
Foi a vez do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) ganhar força ao conquistar cinco prefeituras. Entre elas, a da capital paulista.
Em 2018, o presidente Jair Bolsonaro acabou com a polarização entre PT e PSDB e transformou as eleições deste ano num teste para sua popularidade — não só na região, mas em todo o país. “As eleições serão um teste para o caminho do presidente para reeleição de 2022”, explicou o cientista político Rafael Cortez.
Ou seja, apesar de ter dito que não se envolveria diretamente na disputa, Bolsonaro declarou apoio, por exemplo, a Celso Russomano em São Paulo. A vitória ou derrota de candidatos com o “selo do capitão” podem servir como termômetro para o pleito que ocorrerá dentro de dois anos.
Mas o que, afinal, é tão valioso na disputa eleitoral do cinturão metropolitano paulista?
Dinheiro, muito dinheiro
Quem quer que comande uma das cidades da região terá, inicialmente, grande quantidade de dinheiro disponível. Isso porque, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017, somados, os Produtos Internos Brutos (PIBs) da região chegam a R$ 968 bilhões.
Obviamente, a capital paulista sozinha tem um peso muito maior. Seu PIB é de R$ 699,3 bilhões, o terceiro maior do Brasil, atrás apenas do valor do Estado de São Paulo e do Estado do Rio de Janeiro.
O segundo município com maior PIB do cinturão é Osasco, com R$ 78 bilhões, que também fica à frente de estados como Alagoas (R$ 58,2 bilhões de PIB em 2017), Amapá (R$ 15,4 bilhões) e Paraíba (R$ 62,4 bilhões).
O terceiro maior PIB é o de Guarulhos, R$ 55,7 bilhões, maior que o do Piauí (R$ 45,3 bilhões), de Rondônia (R$ 43,5 bilhões) e do Tocantins (R$ 34,1 bilhões).
Xadrez eleitoral
O PT, partido que mais vem perdendo espaço no cenário político brasileiro, terá candidatos a prefeito concorrendo em nove das 11 cidades citadas. As exceções são Ferraz de Vasconcelos e, surpreendentemente, Franco da Rocha, hoje administrada por um petista.
A legenda, porém, usará nomes bem conhecidos para tentar voltar ao poder. Em São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, ex-ministro do Trabalho de Lula e ex-prefeito da cidade, tentará a vaga. Em Guarulhos e Osasco, os candidatos são os ex-prefeitos Elói Pietá e Emídio de Souza, respectivamente.
“A eleição será um teste para o PT enquanto partido que coordena a esquerda no campo político”, analisa Cortez. “O ABC é o berço do PT e é natural que ele lance candidatos para tentar recuperar sua relevância no Estado.”
Para o cientista político, o partido passa por uma grave crise de reputacção, que faz com que seja muito difícil a renovação de seus quadros.
O PSDB não será cabeça de chapa em três cidades: Osasco, Ferraz de Vasconcelos e Mauá. Contudo, o tucanato deve investir pesado para tentar as reeleições de seus atuais prefeitos Bruno Covas, em São Paulo, Paulo Serra, em Santo André, Orlando Morando, em São Bernardo do Campo, José Auricchio, em São Caetano do Sul, e Marcus Mello, em Mogi das Cruzes.
O PSOL corre por fora como alternativa ainda mais à esquerda para quem não quer mais votar no PT. Só não terá candidatos em Santo André, Diadema, Ferraz de Vasconcelos e Mogi das Cruzes.
Por fim, o PRTB, do vice-presidente Hamílton Mourão, também lançará nomes na maior parte das cidades, ficando de fora apenas em Santo André, São Bernardo do Campo, Ferraz de Vasconcelos e Franco da Rocha.
Mapa: o cinturão e seus candidatos
Clique nas cidades marcadas para saber um pouco mais sobre elas e conhecer os candidatos que concorrem às prefeituras delas.
Roberta Ramos, Revista Oeste