quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Russomanno lidera disputa para prefeito de SP com 29%, e Covas tem 20%, aponta Datafolha

Recém-chegado à corrida para a Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) lidera a primeira pesquisa do Datafolha para a eleição com 29% das intenções de voto.

Atrás dele vem o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), com 20%, quase o mesmo índice daqueles que dizem que vão votar em branco ou nulo (17%).

Em terceiro lugar empatam Guilherme Boulos (PSOL, 9%) e o ex-governador paulista Márcio França (PSB, 8%). Não sabem responder 4%.

O Datafolha ouviu presencialmente 1.092 eleitores nos dias 21 e 22 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Russomanno repete o desempenho que teve a essa altura da campanha nas duas eleições passadas. Em 2012 e 2016, ele tinha 31% no início da campanha, segundo o Datafolha. A diferença é que agora ele se apresenta como candidato do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Nove candidatos estão embolados na rabeira da disputa. Com 2% estão Jilmar Tatto (PT), Andrea Matarazzo (PSD), Arthur do Val (Patriota) e Vera Lúcia (PSTU).

Com 1% vêm Joice Hasselmann (PSL), Levy Fidelix (PRTB), Marina Helou (Rede), Orlando Silva (PC do B) e Filipe Sabará (Novo). Antônio Carlos Silva (PCO) não pontuou.

Em comum entre eles, a baixa densidade eleitoral neste momento. São nomes díspares, que incluem figuras experientes como Matarazzo e Orlando Silva e desconhecidas como Vera Lúcia e Marina.

Esses dados refletem a pesquisa estimulada, na qual a lista de candidatos é apresentada.

Na espontânea, o prefeito Covas tem 8%, em empate técnico com Russomanno (5%) e Boulos (5%).

Russomanno tem seu melhor desempenho entre as donas de casa (41%), os mais pobres (36%) e os evangélicos (37%).

O deputado era uma incerteza durante todo o ano, apesar de manter seu “recall” em pesquisas de intenção de voto.

Ele trabalhou para ser vice de Covas, um acerto que quase vingou, já que o Republicanos integrava tanto a prefeitura quanto o governo estadual tucanos.

Mas, nas últimas semanas, com a articulação em torno de Covas tomando ares de um ensaio para uma frente liderada por PSDB, MDB e DEM contra Bolsonaro em 2022, o presidente passou a incentivar sua candidatura.

Russomanno pontua pior entre os mais ricos (14% dos que ganham acima de 10 salários mínimos) e entre moradores da zona oeste da cidade (14%), uma área historicamente associada ao movimentos que se dizem progressistas.

Já o prefeito tem seu melhor desempenho entre pessoas com mais de 60 anos (28%), o que sugere uma memória afetiva de seu avô, Mário Covas (1930-2001), que foi prefeito da capital e governador.

Também é mais bem avaliado (29%) na região central da cidade. Seu pior desempenho ocorre entre pessoas de 25 a 34 anos, com 13% das intenções de voto.

O prefeito assumiu o cargo um ano e três meses após a posse como vice-prefeito de João Doria (PSDB), que deixou o cargo para concorrer ao governo do Estado.

Ele enfrentava resistência mesmo dentro do PSDB até o diagnóstico de um câncer no trato digestivo, que está em tratamento e que os médicos não consideram um impedimento para a campanha.

Sua popularidade aumentou e os rumores de um plano B foram suplantados.

O cenário comprova a difícil situação do PT, que sempre foi competitivo na cidade desde 1989, quando ganhou pela primeira vez com Luiza Erundina (hoje vice de Boulos).

Tatto não era o candidato preferido da cúpula partidária, que queria ver na disputa o ex-prefeito Fernando Haddad.

Figuras ligadas ao petismo têm demonstrado apoio ao candidato do PSOL. Com efeito, 6% dos simpatizantes do partido dizem que vão votar em Tatto, enquanto 16% querem Boulos prefeito e 32% deles, Russomanno.

O petista não consegue nem sequer pontuar entre os mais ricos, confirmando uma tendência verificada desde 2016, quando Haddad perdeu no primeiro turno. E tem 1% entre aqueles com ensino superior, usualmente mais próximos da esquerda.

Boulos ocupa os dois nichos, com 18% entre os que ganham mais de 10 salários mínimos e 20% entre quem é mais instruído.

Márcio França, que derrotou Doria na capital quando tentou reeleger-se governador, tem uma distribuição de votos bastante homogênea.

Apesar de estar nominalmente numa sigla de centro-esquerda, ele tem lançado acenos ao eleitorado que rejeita Doria e apoia Bolsonaro.

França já definiu como linha de campanha centrar fogo no governador tucano, que deixou a prefeitura nas mãos de Covas.

A deputada Joice foi a mulher mais votada para a Câmara na esteira da onda bolsonarista em 2018. Por romper com o presidente extremamente popular em todo o país, paga caro... 

A pesquisa foi encomendada pela Folha e está registrada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo sob o número 0659/2020.

Com informações de Igor Gielow, Folha de São Paulo