terça-feira, 4 de agosto de 2020
Soja mantém exportações aquecidas e receitas da agropecuária sobem 17%
O volume de soja exportado superou 10 milhões de toneladas em julho, e a balança comercial do agronegócio voltou a ter boas receitas. A média diária das vendas externas da agropecuária do mês passado, em dólares, superou em 17% a de 2019.
Entre as carnes, a bovina foi a de melhor desempenho, mantendo evolução contínua neste ano, tanto em volume exportado como em preços recebidos no mercado externo.
Até as exportações de madeiras, cujo volume subiu para 267 mil toneladas no mês passado, 18% mais do que em julho de 2019, ajudou a engrossar as receitas do país.
Do volume exportado, 185 mil foram de madeiras parcialmente trabalhadas e de dormentes. Já a madeira em bruto ficou em 82 mil toneladas.
O mês de julho foi um período bom também para as vendas de açúcar. O país conseguiu colocar 3,5 milhões de toneladas do produto no mercado externo, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Esse volume supera em 92% o de igual mês do ano passado, mas os preços médios recebidos pelos exportadores brasileiros ficaram 5% abaixo dos de há um ano, segundo o órgão do governo.
Em um ano em que o comércio mundial perdeu ritmo, devido à freada da economia mundial, provocada pela Covid-19, o agronegócio continua bem.
A Secex indica que a agropecuária teve evolução positiva de 21% de janeiro a julho deste ano no comércio exterior, em relação à média diária de igual período do ano passado. Já a indústria de transformação apresentou queda de 15%.
As exportações brasileiras perdem espaço na Europa, mas têm grande salto na Ásia. Se somam à China, grande consumidora de produtos do agronegócio brasileiro, outros países como Indonésia e Vietnã, que têm importantes mercados e aumentaram em 85% e 35%, respectivamente, as compras no Brasil em julho.
Já as importações médias do setor agropecuário recuaram 6,1% nos sete primeiros meses deste ano. Trigo ajudou nessa queda, com recuo de 5,7%.
Recorde? As exportações de soja deste ano vão ficar bem próximas das de 2018, quando o país colocou o recorde de 83 milhões de toneladas da no mercado externo.
Aquecido De janeiro a julho deste ano já são 71 milhões de toneladas, com receitas de US$ 24 bilhões, apenas com as vendas de grãos. A maior parte do produto teve como destino os portos da China, que agora acelera as compras nos EUA.
Revisão Esses dados ainda podem ser revisados pela Secex. No mesmo período do ano passado, as vendas externas do país somaram 51 milhões de toneladas.
Importações As exportações estão tão aquecidas que as indústrias brasileiras aceleraram as compras externas da oleaginosa. Em julho foram importadas 99,7 mil toneladas, acima das 12,7 mil de julho de 2019.
Efeito rural Após o eventual controle da situação sanitária e afrouxamento das medidas de isolamento social, a situação das famílias rurais mais pobres poderá se tornar preocupante sem o auxílio emergencial que o governo vem dando.
Vulneráveis Os trabalhadores mais vulneráveis —os menos qualificados, informais, empreendedores de estabelecimentos menores e, de modo geral, trabalhadores de menor renda— tendem a ser mais severamente prejudicados.
Renda A análise é de Nicole Rennó Castro e de Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, do Cepea. Para eles, o cenário impõe um grande desafio para os formuladores de política.
Milho A safra de milho dos EUA registra condições boa e excelente em 72% das áreas, segundo o Usda.
Mauro Zafalon, Folha de São Paulo