terça-feira, 18 de agosto de 2020

Petrolíferas se perguntam se exploração de ‘ouro negro’ ainda vale a pena

 Pandemia ampliou a crise do petróleo, que agora pode fazer com que bilhões de dólares fiquem para sempre sob o solo

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Extração de petróleo pode estar com dias contados | Foto: PxHere

Após uma década de descobertas de grandes jazidas e até mesmo de brigas por campos em águas profundas, como o existente nas Malvinas — disputado, como é possível imaginar, por Argentina e Reino Unido — muitas companhias petrolíferas agora têm admitido algo desconfortável nos últimos meses: bilhões de dólares em petróleo e gás podem nunca ser extraídos do solo.

Com a crise também acelerando uma mudança global para energia limpa, os combustíveis fósseis provavelmente serão mais baratos do que o esperado nas próximas décadas, enquanto a cobrança de emissão de gás carbônico ficará mais cara. Essas duas suposições simples significam que explorar alguns campos não faz mais sentido econômico.

A indústria do petróleo já estava lutando com a transição de energia para outros modelos de negócio, excesso de oferta e sinais de pico de demanda quando a covid-19 começou.

Cerca de 125 milhões de barris de petróleo podem ficar inutilizados

A pandemia provavelmente trará esse pico e desencorajará a exploração. Especialistas esperam que cerca de 10% dos recursos recuperáveis ​​de petróleo do mundo – cerca de 125 bilhões de barris – sejam inutilizados.

A pressão para reduzir as emissões de gás carbônico também pode levar as empresas a deixar as maiores reservas no solo.

A lista de projetos de maior risco inclui descobertas em águas profundas no Brasil, Angola e no Golfo do México.

Além do próprio petróleo, outros subprodutos do óleo também tendem a deixar de ser explorados, como o betume e o xisto, materiais caros  e difíceis para serem extraídos.

Uma decisão final sobre a validade de manter a exploração de petróleo ao redor do mundo não deve vir antes do final do ano, segundo executivos de grandes companhias do setor.

Em última análise, com petróleo em abundância, dúvidas sobre a força da demanda de longo prazo e pressão para eliminar a produção mais intensiva de gás carbônico, muitos avaliam que apenas com o barril valendo mais de US$ 50 seria interessante continuar com a atividade. Atualmente, o preço do barril do tipo Brent custa em torno de US$ 40.

Adaptado da Bloomberg Green

, Revista Oeste