quarta-feira, 22 de julho de 2020

"Saiba como a mídia 'faz a tua cabeça'”, por JMC Sanchez



Ou “LOW TOUCH SOCIETY”: como a mídia faz a sua cabeça, mas provavelmente com esse título ninguém se atrevesse a ler...
E o que esse título pretende dizer?
Refere-se à mudança de hábitos da sociedade imposta por uma visão de “distanciamento social” influenciada pela Pandemia, mas que já vinha ocorrendo há bastante tempo, mesmo que em menor escala, com base numa sociedade a cada dia mais e mais digital. Sim, a Pandemia está acelerando e exponenciando, neste “movimento” de distanciamento social, intencionalmente ou não, mas que vem a calhar para um processo de manipulação em curso.
Outro aspecto importante, como dizem:
“uma mentira (ou um factoide) repetida à exaustão e agora, compartilhada em rede, torna-se verdade”.
Uma sociedade ainda mais “DIGITALIZADA” e reclusa, está mais à mercê de interesses “ocultos” pela mídia e pela mensagem, cuidadosamente produzida e direcionada.
Quer um exemplo?
Pense em como a “Hidroxicloroquina” foi “demonizada” e outro remédio, como por exemplo, o “Remdesivir” se tornou o “queridinho” dos “especialistas”. Ora, sabemos que o Gilead, Laboratório que produz o Remdesivir pertencente a George Soros, o Bilionário Globalista.
É assim o jogo... e envolve uma lista, cada vez mais conhecida de Bilionários Globalistas.
Soros, por exemplo, é o mesmo afirmou em entrevista, que “seu negócio é ganhar $$$”, não importando o que isso possa impactar a sociedade... que “é ateu e não acredita em Deus”.
A “Low Touch Society” (guarde bem esse conceito) está associado ao que estão chamando de “Low Touch Economy”, que é uma transformação digital da economia baseado no distanciamento social. Acredite ou não, os Globalistas estão “lucrando” Bilhões e Bilhões de dólares durante a “pandemia”: não será nada estranho se novas ondas do mesmo vírus ou novos vírus em novas ondas, apareçam num horizonte não distante.
Mas, embora isso represente uma Revolução de Conceitos (estima-se, como comentei, que o Varejo online mais do que dobre este ano, saindo de 5% para cerca de 12% e vai crescer de forma acelerada), que vai mudar definitivamente o mercado, quero me referir aos aspectos COMPORTAMENTAIS mesmo, pois o resto é consequência.
A COMUNICAÇÃO DIGITAL E COMO ELA NOS AFETA
Quando em meados da década de 90 fazia palestras sobre as “Redes Sociais” à época conhecidas como “Comunidades Virtuais”, procurava enfatizar que a grande mudança que se apresentava estava associada a COMPORTAMENTO e esse comportamento estaria ligado a MODELOS DE SEGMENTAÇÃO, ou seja, ao que já vínhamos aprendendo nas últimas décadas, principalmente com o “marketing direto” e, nesse caso, a Rede Mundial era a evolução por excelência desse conceito.
Sem dúvida, a grande mudança estava fortemente relacionada aos aspectos de segmentação de mercado, de como podíamos agrupar por características próprias os consumidores e depois, de uma forma mais sofisticada, a toda uma “cadeia de valor” onde as relações desses grupos se davam, interagindo com outros grupos.
O que entendemos por segmentação?
Vamos lá, sem querer me alongar, quero concentrar minha resposta a um único termo que é “discriminação”. Ou seja, quando eu segmento e criou um grupo, por um conjunto de atributos relacionados aos membros desse grupo: do que gostam ou não gostam; da faixa etária; da formação; de gosto ou preferências; do seu estilo de vida; do lugar em que moram; etc. etc. eu posso definir como abordar e me relacionar com cada um dos membros desse grupo, tocando a todos mas também e principalmente, a cada um.
Sabendo quem e como são os membros desses grupos e também, quem não são (e aí está a discriminação), consegue-se saber que tipo de mensagem deve ser usada para impactá-los.
Pense nesse conceito elementar aplicado à Internet e some a isso os algoritmos e a inteligência artificial que está tomando conta dos processos de identificação dos perfis e das características de cada um de nós: lembre-se que no Brasil 70% da população, cerca de 126,9% faz uso da Rede e passa cerca de 60% do tempo útil (equivalente a 365 dias menos 145 dias conectado (6 horas por dia) e 121 dias equivalentes a 8 horas de sono em média). Não é difícil imaginar qual é o impacto disso e de como estamos vulneráveis e à mercê dessas ferramentas.
Outro aspecto é que boa parte de nossa “navegação” na rede é “logada” e o acesso e uso aos aplicativos, uma infinidade deles, é feito mediante registro onde fornecemos nossos dados, além de autorizarmos o uso deles e até de nossos relacionados, às conexões que possuímos. Ou seja, a partir daí não existe mais privacidade e nossos dados só Deus sabe onde estão sendo utilizados... e como estão sendo utilizados.
UMA VOLTA NO TEMPO...
Depois de ter vendido o ZEEK (Achei) um dos mais importantes Mecanismos de Buscas a atuar no Brasil em meados dos anos 90, desenvolvi um novo projeto chamado IMAIS que apostava num modelo de Segmentação e baseava-se em Conteúdos, como modelo de relevância para atrair determinados segmentos (público alvo).
O IMAIS se propunha a “vender” os espaços publicitários de sites de conteúdos segmentados, alguns dentre os mais importantes à época e que eram independentes (não pertenciam aos grandes portais como UOL, TERRA, GLOBO dentre outros). Assim, reunia num mesmo Portal mais de 1.000 sites de conteúdos relacionados a: Moda, Saúde, Beleza, Arquitetura, Decoração, Entretenimento, Esportes e assim por diante.
Já nessa época, há mais de 20 anos atrás, possuíamos algoritmos e tecnologias de personalização que nos permitia “servir” publicidade contextualizada aos visitantes o que produzia uma taxa espetacular do que chamávamos “click rate” (% de vezes que uma pessoa clica num banner publicitário apresentado num determinado site) e para isso utilizávamos uma ferramenta espetacular chamada “Doubleclick” (*).
A efetividade era tanta que fomos uma das primeiras (senão a primeira) a vender campanhas cobrando custo por click (CPC).
Agora: você consegue imaginar o grau de sofisticação desta tecnologia que já tem mais de 20 anos? É isso que tenho dito a vocês em vários dos meus artigos e no ENSAIO A DIGITALIZAÇÃO SOCIAL, cuja leitura recomendo). Mas vamos adiante...
UMA APLICAÇÃO PRÁTICA DE SEGMENTAÇÃO NO CAMPO DA POLÍTICA
Apenas para citar um exemplo marcante (que se aplica a tudo que se possa imaginar), já que “política” é uma palavra chave nos dias de hoje. Essa simples palavra-chave, dada a polarização que vivemos já parece ser mais importante que o conteúdo. Uma armadilha, pois, estamos “emburrecendo” ou “alienando” as pessoas.
Sobre as eleições Americanas...
Numa eleição nos EUA (que é bem diferente da nossa pois não basta apenas somar votos válidos), por exemplo, quando eu sei que a maior parte de um Estado X é predominantemente REPUBLICANA ou DEMOCRATA (e isso determina quantos delegados um Estado soma ao colégio eleitoral, representando um determinado candidato, o que decide a eleição), onde minhas chances como candidato são mínimas por mais que eu faça ou invista, posso adotar uma ESTRATÉGIA de não investir muitos recursos (e tempo é um deles, além de $$$) nesse determinado Estado, certo?.
Assim posso me ocupar em garantir aqueles Estados onde já sou o preferido (me refiro à legenda que represento) ou tenho mais chances de ser o preferido.
De outra forma, se eu tenho muito $$$ e posso investir para tentar mudar a opinião desse grupo (segmento de eleitores do Estado X) se eu tiver como impactá-los de uma forma importante. Imagine se eu tiver todos os dados de comportamento, pensamento e preferências da maioria dos eleitores (potenciais, pois lá as eleições são opcionais) e... melhor ainda, se eu tiver acesso direto a ele de incontáveis formas via conteúdos.
Nesse aspecto, e isso é fato, está acontecendo de verdade, posso “bombardear” comunicação “dirigida” considerando que eu “conheço” cada um, de milhões de pessoas desse Estado X, sei inclusive qual a sua orientação política, e faço um trabalho “mental” quase um processo de hipnose individual e depois coletiva, para mudar sua escolha eleitoral. Simples, assim.
Talvez isso não fosse muito produtivo se o Estado X tivesse 90% de orientação DEMOCRATA, mas pense se esse mesmo Estado X tivesse 60% de Democratas e 40% de REPUBLICANOS? Eu teria que trabalhar com a meta de conquistar (aliciar/doutrinar/manipular) apenas 11% do eleitorado (em dados redondos) e óbvio, manter os que já estariam comigo.
Numa eleição polarizada como a dos EUA, um candidato ter acesso a cada um dos eleitores já previamente sabendo suas preferências; seus anseios; suas expectativas; seus medos ...seria uma extraordinária vantagem competitiva no sentido de “convencer” novos eleitores a embarcar no meu “barco”.
Você deve estar pensando: Mas que viagem esse negócio de manipular um a um os eleitores... isso é uma ficção.
Pois acredite, ao que tudo indica, isso já aconteceu nas últimas eleições dos EUA quando a candidata DEMOCRATA que estava à frente de todas as pesquisas, perdeu a eleição para o REPUBLICANO Trump (procure conhecer melhor o Projeto Álamo e conheça o “case” Cambridge Analytica foi um fator decisivo).
Parece que agora, com a “Pimenta” adicional da Pandemia e os movimentos raciais (qualquer semelhança com o que rola no Brasil não é mera coincidência) estão promovendo algo semelhante por lá. Claro que lá o Jogo entre DEMOCRATAS e REPUBLICANOS é ainda mais Bruto pois ambos os partidos têm “cacife” para encarar essa “batalha” e muita coisa vai acontecer até novembro quando ocorrem as eleições por lá.
O que eu quero dizer e tenho dito:
Lá como cá, as Redes estão sendo usadas como “plataformas” para “fazer as nossas cabeças”. E como é uma questão de “poder” e me refiro a “poder econômico”, é natural que você veja “PERSONALIDADES” (influenciadores) se bandando da DIREITA para a ESQUERDA (em maior número, pois lá é que está o dinheiro) e vice-versa, o que faz parte do jogo que acreditem, ESTÁ APENAS COMEÇANDO. Felizmente, o Brasil já acordou..., mas a luta vai ser insana pois existem muitos interesses em jogo, um jogo Global e não apenas Local.
(*) A DOUBLECLICK que dominou a tecnologia de serviço de mídia desde os primórdios da internet foi disputada por Microsoft e Google no ano de 2005. O Google ganhou a parada, comprando a empresa por U$1.1 bilhão em abril de 2005 e a partir disso passou a dominar o mercado de publicidade online nos EUA.

JMC Sanchez

Articulista, palestrante, fotografo e empresário

Jornal da Cidade