segunda-feira, 27 de julho de 2020

Autocrítica na comunicação melhora imagem de Bolsonaro, diz Fábio Faria

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, de 42 anos, declara que a mudança do presidente Jair Bolsonaro na maneira de se comunicar fez a imagem do governo melhorar. De acordo com Faria, o ambiente era de “muita guerra na imprensa” e “muita briga”. Agora, com uma “pacificação”, Bolsonaro faz com que as “entregas” do governo cheguem ao conhecimento da população.
“Isso mostra que as pessoas estavam querendo paz. Isso já se reflete nas pesquisas e até nos nossos amigos, nas conversas que nós temos pelo WhatsApp devido à pandemia”, afirma.
O ministro acredita que houve uma certa autocrítica também de outros atores políticos. Como Bolsonaro fazendo menos declarações em série, Fábio Faria acredita que ficaram mais explícitos o que ele considera excessos de parte da mídia e de representantes da oposição contra o presidente.
Faria diz que a transformação na atitude de Bolsonaro é resultado da influência de várias pessoas que o aconselham. Esse grupo se estende de ministros ao núcleo familiar, além do “faro político aguçado” do presidente.


O ministro também declara que ponderou a Bolsonaro: “Ninguém aguenta ½ hora falando”. O conselho é referência às conversas quase diárias do presidente no chamado “cercadinho” do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, local no qual repórteres e apoiadores aguardavam a saída ou entrada de Bolsonaro.
“Ele entendeu isso [que não dava para falar sempre, por tanto tempo]. Acho que isso está superado. Foi bom para todos os lados. Acho importante que o presidente tenha uma comunicação que seja mais profissional. No estilo dele, óbvio; que ele gosta de se comunicar por meio das redes dele. Ele foi eleito por isso. Quem elegeu o presidente Bolsonaro foi 1 movimento de redes sociais, que foi 1 movimento de pessoas que se convergiram ali há 4, 5 anos, quando ninguém dava valor a isso [redes sociais]. Ele captou esse movimento e foi indo, visitando as cidades”, afirma.
Faria deu as declarações ao jornalista Fernando Rodrigues, apresentador do Poder em Foco, uma parceria editorial entre o Poder360 e o SBT. Além da transmissão nacional em TV aberta, a atração pode ser vista ao vivo e “on demand” nas plataformas digitais do SBT Online e no canal do YouTube do Poder360.
O ministro das Comunicações diz que o movimento do presidente também mostrou que “todos extrapolaram os seus limites”. Neste caso, “todos” é uma referência a setores da imprensa, integrantes de outros Poderes, Legislativo e Judiciário, bem como parte da oposição. Por isso, de acordo com Faria, havia 1 ambiente “de guerra”, que agora melhorou.
“Esse diálogo é importante porque cada 1 sai da bolha e começa a ver realmente o que nós estávamos fazendo de errado e o que a gente pode fazer para melhorar. Esse período de pandemia serve para que as pessoas reflitam mais. O presidente gosta da imprensa e isso é notório. Agora, a comunicação era muito de guerra, de briga, de revidar de 1 lado e de outro –e isso estava ruim para os 2 lados. Eu acho que, pelo que estou vendo, acompanhando nesses últimos 40 dias, isso tem se acalmado também”, declara.
Faria diz que tem conversado com seus colegas ministros para que atendam à imprensa –“tanto a mídia tradicional quanto a mídia alternativa”. Alguns blogueiros e YouTubers bolsonaristas, no entanto, já foram alvos de operações da PF (Polícia Federal) contra fake news. Houve ainda a suspensão de contas, grupos e páginas do Facebook que apoiavam o presidente.

R$ 320 MILHÕES PARA IMAGEM NO EXTERIOR

O ministro também diz que é preciso “mostrar no exterior” que o Brasil “cumpre rigorosamente a lei e que não aceita desmatamento ilegal”. Para isso, afirma que espera que o Ministério da Economia libere a edição de uma medida provisória para destinar em torno de R$ 320 milhões em publicidade interna e externa, até o final deste ano de 2020. O objetivo é abordar o tema do meio ambiente –“principalmente na Europa”, diz ele.
O que ocorreu, segundo Fábio Faria, é que o governo “perdeu a guerra da mídia” em relação ao desmatamento e às queimadas da Amazônia. Ele também afirma que dados mais positivos devem ser publicados sobre a região nos próximos dias, mas não cita a fonte quais seriam as informações:
“Isso aí é guerra de narrativas. Até porque, não posso adiantar, mas vou aqui sinalizar, a curva mudou muito em relação ao desmatamento, queimadas… Nesses próximos dias, eu acredito que seja publicada aí uma curva totalmente diferente do que vinha acontecendo. E isso vai ter uma grande repercussão. Então, isso é uma guerra de narrativas.”
O ministro das Comunicações diz ter “certeza” de que o Congresso “vai aprovar rapidamente” a medida para injetar R$ 320 milhões em propaganda. Questionado sobre se o momento de pandemia da covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) é adequado para gastar em propaganda, ele declara que a verba pode significar a entrada de mais recursos no país.
“Às vezes você vai investir, sei lá, R$ 100 [milhões], R$ 200 milhões nesse tema para trazer bilhões e bilhões de dólares para cá. Investimentos… Então, não adianta a gente ter essa discussão cega: ‘Ah, pega esse dinheiro e compra máscaras’. Para o governo não está sobrando, Fernando”, diz o ministro, dirigindo-se ao apresentador.
Faria continua:
“Tanto é que estamos vendo todos os dias operações e operações por desvios da covid, porque foi dinheiro sobrando. Os Estados e municípios estão com o cofre cheio de dinheiro, porque o governo chegou na ponta da linha. Ninguém pode reclamar que o governo não deu recursos para construir leitos, para comprar respiradores, para comprar máscaras, EPIs. Isso aconteceu. Então, nós temos que falar a verdade com a população, e eu enfrentarei esse debate de maneira clara, transparente. Não pode ter demagogia.”

PRIVATIZAÇÕES

Em sua pasta, o ministro tem 3 eventuais privatizações pela frente: Correios, EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e Telebras.
Segundo o ministro, Os Correios são uma “prioridade do governo” e têm resultado financeiro positivo, o que “provavelmente” atrairá potenciais compradores. A meta é que essa estatal seja privatizada até o final do mandato de Bolsonaro (2022).
Sobre a EBC, o ministro diz que a empresa deve ser “otimizada” e ter o “tamanho reduzido”. Assim, poderá funcionar numa lógica de empresa privada e ser preparada para uma eventual venda no futuro. Por ora, diz ele, a EBC depende de contratos com o próprio governo, além de dar prejuízo.
No caso da Telebras, não houve discussões sobre privatização, de acordo com Fábio Faria. Ele diz que pretende utilizar essa estatal para ampliar o acesso à internet, principalmente na região Norte.
“Nós temos uma sobra [de dinheiro] de quando saiu do analógico para o 4G. Teve 1 recurso em torno de R$ 1,2 bilhão para que nós possamos investir agora. E uma parte desse recurso será destinada para a gente levar fibra ótica para a região Norte, que é a que mais precisa de infraestrutura, a que menos tem acesso à internet. Então, seriam investidos R$ 400 milhões na bacia amazônica para passar milhares de quilômetros de fibra ótica”, declara.

LEILÃO DO 5G

A respeito do leilão do 5G, que ampliará a velocidade de conexão e é pano de fundo de uma disputa comercial entre Estados Unidos e China, o ministro afirma que receberá todas as empresas interessadas em entrar no Brasil. Faria afirma que seu trabalho é receber os “players” do mercado, consolidar as informações e repassá-las a Bolsonaro. A decisão final caberá ao presidente.
“Vou saber o que eles [empresários] pensam em relação a isso [entrada do 5G], qual expectativa de investimento, vou perguntar sobre a capacidade que eles têm em relação ao prazo, transparência… Vou apurar todas as informações, filtrar e levar ao presidente. Eu sou deputado eleito, mas eu sou ministro do governo e tenho lealdade ao presidente. Esse é um tema que não adianta eu querer puxar para o Ministério das Comunicações, porque esse tema extrapola o ministério. Esse é 1 tema presidencial”, declara.

PROJETO DE FAKE NEWS

O ministro das Comunicações declara que seria “precipitado” já aprovar na Câmara o projeto de lei que já passou pelo Senado com o objetivo de combater fake news. Ele afirma que a aprovação ou não dessa pauta cabe à “articulação política”, que é uma tarefa do ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). No entanto, fala que o texto precisa de mais debate.
“Isso é 1 tema de articulação política. Eu não quero me meter em relação à Câmara e ao Senado, mas quero opinar sobre esse assunto. Eu sei mais ou menos como funciona e tem muita injustiça em relação ao que apontam. Por exemplo, falam que existe 1 gabinete do ódio; que as pessoas ali comandam, têm uma voz de comando para denegrir a imagem de uma pessoa e apertam lá 1 botão e tudo funciona no automático. Não procede”, diz, em referência a 1 suposto grupo de assessores do Palácio do Planalto que atuaria estimulando ataques a adversários políticos nas redes sociais.
O ministro acrescenta:
“A internet são organismos vivos. São largas avenidas que se convergem e divergem. Acredito que, quando você vai fazer 1 projeto em relação a isso, com muito desconhecimento da área, é muito perigoso. Ele tem que ser mais aprofundado. Se eu fosse sugerir: “Pessoal, recolha 1 pouquinho o trem de pouso, aprofundem-se no tema, ampliem os debates, chamem a sociedade, chamem o governo, chamem o Ministério Público, chamem os veículos, escutem o Google, o Facebook…”.

ARTICULAÇÃO POLÍTICA

Faria diz que o presidente “precisa ter maioria no Congresso para aprovar as pautas que ele prometeu durante a campanha”. Ele afirma, no entanto, que não houve nenhum ministro escolhido por negociações com partidos. Segundo o titular das Comunicações, os principais cargos da Esplanada dos Ministérios também foram preservados de escolhas partidárias.
O ministro declara ter bom relacionamento com Luiz Eduardo Ramos, que é quem de fato tem papel de articulador do governo. O motivo do esclarecimento é que parte da mídia costuma associar Faria à função de articulador informal, por seus 14 anos no Congresso e bom trânsito com deputados e senadores.
Faria diz ser apenas 1 “apaziguador”. Diz que às vezes sente haver uma tentativa de “intriga” entre ele e Ramos, mas que não permite que isso prospere.
“Falei muito isso com o ministro Ramos, que tem feito 1 trabalho de articulação política, 1 bom trabalho. Tem conversado comigo diariamente. Querem fazer até minha intriga com ele, mas não vão conseguir, porque todo dia falo com ele às 7h da manhã e a gente já desmonta isso. Agora, tem 14 anos que sou deputado –estou licenciado porque sou ministro. Construí relações de amizade. A ministra Tereza Cristina: parlamentar. De muitos mandatos. Rogério Marinho: foi parlamentar por 3 mandatos. Onyx Lorenzoni: parlamentar. O ministro do Turismo, Marcelo, também. Então, é normal. Mas eu não entro na articulação política. Articulação política é o seguinte: “Vamos votar aqui o projeto tal”. Aí negocia emenda, destaque, vê quem vai ser o relator. Isso é 1 trabalho da articulação política. Meu trabalho é: Fernando está chateado com o Fábio, eu sou amigo do Fernando e vou promover ali 1 encontro dos 2 para fazer ali uma DR, lavar a roupa suja. Pronto. Esse é meu papel. É 1 papel de apaziguar a relação. Não entro na seara exclusiva de articulação política”, declara.

ARTICULAÇÃO POLÍTICA

Faria diz que o presidente “precisa ter maioria no Congresso para aprovar as pautas que ele prometeu durante a campanha”. Ele afirma, no entanto, que não houve nenhum ministro escolhido por negociações com partidos. Segundo o titular das Comunicações, os principais cargos da Esplanada dos Ministérios também foram preservados de escolhas partidárias.
O ministro declara ter bom relacionamento com Luiz Eduardo Ramos, que é quem de fato tem papel de articulador do governo. O motivo do esclarecimento é que parte da mídia costuma associar Faria à função de articulador informal, por seus 14 anos no Congresso e bom trânsito com deputados e senadores.
Faria diz ser apenas 1 “apaziguador”. Diz que às vezes sente haver uma tentativa de “intriga” entre ele e Ramos, mas que não permite que isso prospere.
“Falei muito isso com o ministro Ramos, que tem feito 1 trabalho de articulação política, 1 bom trabalho. Tem conversado comigo diariamente. Querem fazer até minha intriga com ele, mas não vão conseguir, porque todo dia falo com ele às 7h da manhã e a gente já desmonta isso. Agora, tem 14 anos que sou deputado –estou licenciado porque sou ministro. Construí relações de amizade. A ministra Tereza Cristina: parlamentar. De muitos mandatos. Rogério Marinho: foi parlamentar por 3 mandatos. Onyx Lorenzoni: parlamentar. O ministro do Turismo, Marcelo, também. Então, é normal. Mas eu não entro na articulação política. Articulação política é o seguinte: “Vamos votar aqui o projeto tal”. Aí negocia emenda, destaque, vê quem vai ser o relator. Isso é 1 trabalho da articulação política. Meu trabalho é: Fernando está chateado com o Fábio, eu sou amigo do Fernando e vou promover ali 1 encontro dos 2 para fazer ali uma DR, lavar a roupa suja. Pronto. Esse é meu papel. É 1 papel de apaziguar a relação. Não entro na seara exclusiva de articulação política”, declara.

Poder360