quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Pré-sal explica em parte a alta do dólar, diz BC

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (19) que parte da explicação para o movimento recente de valorização do dólar ante o real tem relação com o resultado do leilão de excedente da cessão onerosa.
"Como a entrada de recursos foi muito menor que a esperada, e muitos agentes do mercado se posicionaram para capturar esse dólar caindo com essa entrada, e a entrada não veio na mesma magnitude, você tem agora uma volta", afirmou Campos Neto em audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.
"Isso é parte da explicação. Parte é global, parte é pré-pagamento. Tem muito exportador que também está segurando, importador que está segurando", disse o presidente do BC.
"São várias explicações."
Na segunda (18), o dólar fechara na maior cotação da história, a R$ 4,207, com operadores citando preocupações com as negociações comerciais entre Estados Unidos e China e ainda o impacto da frustração com o leilão da cessão onerosa.
Realizado no dia 6, o leilão arrecadou R$ 70 bilhões, valor recorde para um certame petrolífero mas abaixo do que era esperado.
No Senado, Campos Neto reiterou que, para o Banco Central, o que importa é como o valor do câmbio afeta a inflação.
Ele destacou que a desvalorização recente do real não influenciou as expectativas de inflação, em meio a um cenário de entendimento de melhora da economia, melhora de percepção de risco e redução dos juros de longo prazo.
Campos Neto também adiantou que o BC já tem pronto projeto para alterar a tributação do hedge cambial. A ideia da proposta é que os ganhos e perdas com hedge contratado por investidores de longo prazo em infraestrutura possam se compensar, de forma que a taxação só aconteça sobre um eventual ganho líquido.
Nesta terça, com a cautela de investidores em véspera de feriado, a Bolsa brasileira recuou 0,4% e voltou aos 105 mil pontos, menor patamar desde 18 de outubro. O dólar teve um leve recuo de 0,14%, a R$ 4,201, segundo maior valor nominal desde a criação do Plano Real.
Também pesou para a queda do Ibovespa o viés negativo do índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, que recuou 0,36%.
Nesta terça (19), o dólar encostou nos R$ 4,22 pela manhã, mas perdeu força com reportagem da Bloomberg segundo a qual China e EUA estariam calculando a quantidade de tarifas a serem retiradas na "fase 1" do acordo comercial, que pode ser celebrada ainda este ano.
Também nesta terça, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que o clima entre os países está bom e que "a China vai ter que fazer um acordo que eu goste".
p(inter). Bancos alemães cobram juro para depósito de empresa
FRANKFURT | FINANCIAL TIMES" Quase 60% dos bancos alemães estão cobrando taxas de juros negativas sobre os depósitos dos clientes empresariais, e mais de 20% deles estão fazendo o mesmo com seus clientes de varejo.
Os números, revelados em uma pesquisa do banco central alemão, oferecem uma das mais claras indi- cações sobre o número de instituições de empréstimos que estão cobrando dos clientes por seu dinheiro depo- sitado, desde que o BCE (Banco Central Europeu) decidiu por um novo corte em suas taxas de juro que as conduziu ainda mais ao território negativo, na metade de setembro.
O Bundesbank [banco central alemão] realizou uma pesquisa com 220 instituições de empréstimos no final de setembro --duas semanas depois que o BCE reduziu sua taxa de depósito de menos 0,4% para o recorde negativo de menos 0,5%.
Em resposta, 58% dos bancos anunciaram estar aplicando as taxas negativas a alguns depósitos empresariais, e 23% disseram estar fazendo o mesmo com relação aos depósitos dos correntistas pessoa física.
Embora a maioria dos bancos esteja repassando as taxas negativas apenas a instituições, companhias ou indivíduos com grandes depósitos, a prática se provou especialmente controversa na Alemanha, onde o BCE foi criticado por punir os poupadores prudentes.
O jornal sensacionalista alemão Bild retratou Mario Draghi, que se aposentou recentemente como presidente do BCE, como o "Conde Draghila", um vampiro sugando completamente as contas de poupança.
Em uma das atitudes mais agressivas do setor, o Berliner Volksbank anunciou no mês passado que começaria a aplicar uma taxa negativa de 0,5% sobre quaisquer depósitos superiores a € 100 mil (R$ 463 mil), na maior cooperativa de poupança da Alemanha.
As taxas de juros negativas foram introduzidas na zona euro em junho de 2014, a fim de estimular a economia desaquecida ao pressionar os bancos a emprestar mais dinheiro, em lugar de permitir que o excesso de liquidez fique depositado passivamente no banco central.
Mas a consequência disso foi prejudicar ainda mais a receita já abalada dos bancos europeus, que detêm um total combinado de € 1,9 trilhão (R$ 8,8 trilhões) em reservas no BCE a fim de satisfazer os regulamentos de liquidez pós-crise.
Júlia Moura, Reuters