quinta-feira, 28 de novembro de 2019

BC vende US$ 1 bi à vista e dólar recua para R$ 4,216

Depois de quatro pregões de alta, a cotação do dólar cedeu e recuou 1% nesta quinta-feira (28), a R$ 4,216 menor valor desde sexta (22). Dentre as principais moeda globais, o real foi a que mais se valorizou na sessão.
No início do pregão, o Banco Central (BC) voltou a intervir no mercado, com venda de US$ 1 bilhão à vista,  que havia sido anunciado na véspera. O BC fez ainda a rolagem de todos os 15.700 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão, mas não aceitou propostas para a oferta de US$ 785 milhões à vista, em operação casada com leilão de até 15.700 contratos de swap cambial reverso, para o qual também não houve colocação.
Além da atuação da autoridade, o dólar teve sua queda acentuada pela revisão dos dados das exportações brasileiras registradas em novembro, elevando em US$ 3,8 bilhões o fluxo da vendas externas acumuladas no mês em relação ao informado anteriormente.
A Secretaria de Comércio Executivo do Ministério da Economia havia divulgado na segunda (25) que a  balança comercial brasileira estava com saldo negativo de US$ 1,099 bilhão em novembro, que caminhava para fechar no vermelho, o que não acontecia desde novembro de 2014, quando houve déficit de US$ 2,432 bilhões.
Pelas novas informações divulgadas nesta quinta, o país exportou nas quatro primeiras semanas deste mês o equivalente a US$ 13,5 bilhões, ante os US$ 9,7 bilhões reportados antes. No acumulado do mês a balança está superavitária em US$ 2,7 bilhões.
Em nota, o ministério afirmou apenas que "foram detectadas inconsistências relacionadas à transmissão e à recepção dos dados para processamento das estatísticas de comércio exterior". Segundo a Pasta, a atualização dos dados é um procedimento normal, mas a alteração significativa em novembro "foi ocasionada por um evento não usual".
De acordo com os novos dados, o país acumula no ano um superávit comercial de US$ 37,6 bilhões até a quarta semana de novembro. O ministério também afirmou, contudo, que técnicos da área ainda estão monitorando possíveis alterações não usuais no mês de outubro.
Na segunda (25), a informação do déficit comercial de US$ 1,099 bilhão no acumulado de novembro contribuiu para a alta do dólar, que naquele dia, fechou a R$ 4,215.
Nesta quinta (28), também favoreceu a recuperação do real o Dia de Ação de Graças, um dos principais feriados norte-americanos. O mercado financeiro nos Estados Unidos permaneceu fechado, reduzindo a liquidez das transações.
Já as Bolsas asiáticas e europeias fecharam em queda, em reflexo da sanção por parte de Donald Trump na quarta (27) da lei aprovada pelo Congresso americano que prevê punições a autoridades chinesas e de Hong Kong envolvidas com abusos na repressão aos atos que abalam a antiga colônia britânica há quase seis meses.
O movimento é o mais forte apoio, na crise atual, aos manifestantes contrários a mudanças no status liberal que a região chinesa tem desde que foi devolvida a Pequim em 1997.
Em resposta, a China alertou os Estados Unidos que irá adotar "contramedidas firmes" e disse que tentativas de interferir na cidade comandada pela China estão destinadas a fracassar.
Pequim alertou que os EUA devem arcar com as consequências das contramedidas da China se continuar a "agir arbitrariamente" em relação a Hong Kong, disse o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.
O vice-chanceler chinês, Le Yucheng, também convocou o embaixador norte-americano, Terry Branstad, nesta quinta-feira e exigiu que Washington pare imediatamente de interferir nas questões domésticas da China.
Apoiado por Pequim, o governo de Hong Kong disse que a legislação enviou a mensagem errada aos manifestantes e "interferiu claramente" com os assuntos internos da cidade.
Já os manifestantes de Hong Kong reagiram realizando um ato do Dia de Ação de Graças durante o qual milhares de pessoas, algumas envoltas na bandeira americana, se reuniram no centro da cidade.
Investidores temem que a tensão entre americanos e chineses em relação à Hong Kong prejudique o acordo comercial, cuja "fase 1" pode ser assinada ainda este ano.
No Brasil, o Ibovespa opera em alta de 0,4%, a 108.166 pontos, maior patamar desde segunda (25).


Júlia MouraReuters