SANTIAGO e SÃO PAULO | AFP
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou nesta segunda-feira (28) uma reforma de seu gabinete, em mais uma tentativa de responder aos manifestantes que ocupam as ruas do país há mais de uma semana.
No total, oito ministros foram trocados, incluindo Andrés Chadwick, que comandava a pasta do Interior e era um dos principais alvos dos protestos. Em seu lugar entrará Gonzalo Blumel, até então secretário-geral da Presidência.
O ministro do Interior é responsável pela segurança interna do país e, consequentemente, pela atuação das forças de segurança contra os manifestantes.
Piñera também trocou o ministro da Fazenda: sai Felipe Larraín, entra Ignacio Briones.
Enquanto isso, surgem novas convocações de protestos no Chile, e se espera a chegada de uma missão da ONU para verificar denúncias de violações dos direitos humanos em meio a uma profunda crise social.
A crise explodiu em 18 de outubro, inicialmente pela alta no preço do bilhete do metrô. Os protestos já deixaram 20 mortos e milhares de feridos. Os manifestantes questionam a alta do custo de vida, a precarização da saúde e da educação e a corrupção no país, entre outros temas.
Enquanto Piñera anuncia mudanças, os chamados a novas manifestações se multiplicam. Nesta segunda-feira (29), a Central Unitária de Trabalhadores (CUT) junto com dezenas de organizações sociais voltaram a convocar uma greve nacional.
Nas redes sociais, circulam chamados para um protesto na terça-feira (30) na frente do palácio presidencial e na praça Itália. Lá, mais de um milhão de pessoas se concentraram na sexta-feira (25).
Nesta segunda, os militares abandonaram as ruas. À meia-noite, foi suspenso o estado de emergência que havia sido decretado por Piñera na madrugada de 19 de outubro.
Santiago e outras cidades enfrentam grandes engarrafamentos nas ruas e filas nos postos de gasolina, que voltaram a funcionar. Pelo menos 78 postos na capital foram danificados ou incendiados. O prejuízo passa de US$ 300 milhões, segundo o governo.
A maioria das escolas retomou as aulas, embora algumas instituições tenham preferido funcionar apenas em apenas um turno. O comércio também abriu as portas, mas alguns shoppings, como o Costanera Center, o maior da cidade, permanecem fechados.