quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Trump fala de acordo com China e acalma mercado

Após a abertura do processo de impeachment contra o presidente americano Donald Trump, a aversão a risco dominou o mercado financeiro entre o fim do pregão de terça-feira (24) e o início do pregão desta quarta (25).
A incerteza na política americana, no entanto, foi ofuscada pela declaração do presidente de que um acordo comercial com a China poderá acontecer mais cedo do que as pessoas pensam.
"Eles [chineses] querem muito fazer um acordo...Isso pode acontecer mais cedo do que você pensa", disse Trump a repórteres em Nova York.
Donald Trump
Bolsas sobem com a declaração de Donald Trump de que um acordo comercial 
com a China pode estar próximo - REUTERS/Jonathan Ernst
Com a expectativa de um acordo, os índices da Bolsa de Nova York fecharam em alta e puxaram a Bolsa brasileira.
O Ibovespa subiu 0,6%, a 104.480 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14 bilhões, abaixo da média diária para o ano.
O dólar acompanhou e, depois de tocar os R$ 4,196 pela manhã, encerrou em queda de 0,35%, a R$ 4,1550. 
Na véspera, Trump também foi o grande responsável pela movimentação do mercado ao atacar o Irã e a China em seu discurso na Assembleia Geral da ONU.
O principal diplomata da China reagiu às críticas e disse que Pequim não tinha intenção de "jogar Game of Thrones no cenário mundial", mas alertou Washington a respeitar sua soberania, inclusive em Hong Kong, que vive uma onda de protestos contra o governo chinês. 
Além de sua importância para o desempenho da economia global, os desdobramentos da Guerra Comercial ofuscam o pedido de impeachment de Trump por investidores considerarem que este processo não passa no Senado americano, que tem maioria republicana.
Para a XP Investimentos, o risco é eleitoral, com fortalecimento de candidatos democratas.
"O [risco eleitoral] pode precipitar reações do mercado à possibilidade de eleição de um candidato democrata com propostas econômicas mais intervencionistas, como Elizabeth Warren ou Bernie Sanders. Tal movimento pode aumentar a volatilidade em um cenário já bastante conturbado pela guerra comercial", diz relatório da XP. 
No Brasil, os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado pelo Ministério da Economia, vieram bem melhor que o esperado pelo mercado. Em agosto, foram criados mais de 121 mil vagas com carteira assinada, o maior resultado líquido para o mês em seis anos. A estimativa, segundo analistas consultados pela Bloomberg, era de criação de 100 mil vagas.

Júlia Moura, Folha de São Paulo