
Leia trechos da entrevista
Crusoé: Em algum momento o sr. se arrependeu de ter deixado a toga?
Moro: Não. Absolutamente não. Nós temos o exemplo da Operação Mãos Limpas, na Itália, em que houve um grande avanço judicial em casos de corrupção seguido de uma revanche legislativa que comprometeu muito os avanços judiciais. Houve grande controvérsia, durante anos, se a Itália havia avançado ou não no combate à corrupção. Minha intenção ao ingressar no governo foi evitar esse tipo de retrocesso. É como se diz na expressão em inglês: não enquanto eu estiver aqui. Esse é meu compromisso primário, que permanece válido. Não houve nenhuma razão que me fizesse achar que eu tenha cometido um erro. Há muita maledicência, como a interpretação equivocada que relaciona a vitória eleitoral do presidente Jair Bolsonaro com minha atuação na Lava Jato. A condenação do ex-presidente Lula foi em 2017, muito distante de o presidente Jair Bolsonaro se apresentar, na minha avaliação e na de muitos, como um candidato que tivesse reais chances nas eleições de 2018. Talvez somente ele acreditasse na vitória. Ele se provou certo e os outros, errados. Eu não acreditaria nisso, em nenhum momento, em 2017.
Agora vejo o trecho em que Moro explica a atual ofensiva contra a Lava Jato, detonada pelo roubo e divulgação de mensagens privadas atribuídas a ele e a procuradores:
“Crusoé: A Lava Jato está há anos sob ataque. O que há de diferente agora?
Moro: Existe um status quo que foi extremamente contrariado pelas investigações. Pessoas muito poderosas viram nesse ataque uma oportunidade para reavivar essas tentativas de retrocesso e revanchismo. Me surpreendeu um pouco a agressividade de determinados setores, o que denota um sentimento de revanche, de vingança pelo trabalho institucional que foi realizado. Inclusive por parcelas da advocacia. Tenho respeito pelos advogados, mas uma parcela deles vê o enfrentamento da corrupção a partir de uma perspectiva não muito positiva…”
Com Crusoé