domingo, 16 de setembro de 2018

Políticos profissionais abocanham 67% das verbas do fundo eleitoral


Senado aprovou a criação de fundo eleitoral em outubro de 2017 - Ailton de Freitas / Agência O Globo 05-10-2017


Aos 38 anos, Flávia Arruda é candidata a deputada federal pela primeira vez e entrou no seleto grupo de dez parlamentares que mais receberam recursos de seus partidos para fazer campanha. No caso de Flávia, foram R$ 2,4 milhões transferidos pelo PR do Distrito Federal até a semana passada — total bem próximo do teto de R$ 2,5 milhões de gastos estipulados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para os candidatos à Câmara dos Deputados no DF.

Numa campanha eleitoral que começou sob a expectativa do surgimento de outsiders para mudar uma política abalada por sucessivos escândalos, a candidata do PR é exemplo de como a renovação, se depender da distribuição do fundo eleitoral feita pelos partidos, dificilmente ocorrerá. Levantamento do GLOBO revela que, dos R$ 843 milhões distribuídos pelos partidos para as campanhas ao Congresso Nacional, R$ 563 milhões, 67%, foram para as mãos de quem tem ou já teve mandato como senador ou deputado federal.

O grupo que ficou com os 33% restantes, porém, também está povoado por figuras carimbadas, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG, R$ 2,7 milhões), ou apadrinhadas por profissionais da política, como Flávia Arruda e Danielle Cunha (MDB-RJ, R$ 2 milhões), filha de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara preso por corrupção e lavagem de dinheiro.

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Natália Portinari, O Globo