
DELAÇÃO O ex-ministro Antonio Palocci fala do pré-sal e dos caças suecos: Lula, de acordo com o depoimento, está enrolado nos dois casos (Crédito: Divulgação)
Antonio Carlos Prado, IstoE
Veio a público o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci prestado ao Ministério Público Federal. Palocci serviu aos governos petistas como ministro da Fazenda e da Casa Civil. Foi amigo pessoal do ex-presidente Lula, era um de seus principais interlocutores e sabe tudo sobre a vida daquele que foi seu chefe – ruim para ele, o chefe. Em cumprimento do acordo de delação premiada, Palocci assegurou que Lula teve “participação direta” nos pedidos de vantagens ilícitas e ilegais a partir da descoberta do pré-sal (bilionárias reservas de petróleo). Como já mostrou o cinema, a literatura e a vida real, o ouro pode fazer as pessoas delirarem se elas forem gananciosas. Não é diferente com o petróleo.
Explica-se assim, portanto, a presença da impactante expressão delírio no depoimento (quatro páginas) de Palocci. Disse ele: “houve um delírio político por parte de Lula e da gestão petista”. Mais: Palocci diagnosticou um descuido do ex-presidente com aspectos jurídicos. Para bom entendedor poucas palavras bastam, e a Justiça é rápida entendedora quando se depara com a palavra “descuido”. Mais ainda: ele declarou que Lula também atuou “diretamente” nos pedidos de propinas na ocasião da compra de caças suecos para a renovação da frota da FAB. Sobre a ingerência do ex-presidente nos fundos de pensão mantidos por estatais, o outro ex, o ex-ministro, disse que Lula obtinha com isso “vantagem política”. O acordo de delação de Palocci foi firmado com a Polícia Federal, em Curitiba. Ele será ouvido em novembro pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal.
Denúncia
A reunião do caça Mirage
A reunião do caça Mirage

O juiz da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, Vallisney de Oliveira, considera importante ouvir também o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim no processo que trata da compra dos caças suecos. Segundo o magistrado, Jobim foi ouvido no ano passado mas nada disse sobre uma reunião com Lula e o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy (foto), da qual teria participado. Motivo da reunião: aquisição de um caça Mirage francês. Em seu depoimento, Palocci assegura que foi assinado um protocolo que Sarkozi levou consigo.