A senadora Ana Amélia (PP-RS), 73 anos, será a candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo lideranças dos partidos que compõem o chamado Centrão e do PSDB, o martelo foi batido nesta quinta-feira, 2, quando a pepista gaúcha aceitou o convite de Alckmin. Ela foi indicada pelo grupo, composto por PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade, para ser a companheira do tucano na disputa pela Presidência da República.
Geraldo Alckmin tinha a senadora como nome preferido entre os que passaram a ser analisados como possíveis vices desde que o empresário Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, rejeitou compor chapa com ele. Nesta quarta-feira, o presidenciável declarou que a escolha estava entre sete nomes. Por fim, acabou escolhendo Ana Amélia, que disputou sua primeira eleição em 2010 e foi eleita ao Senado.
O ex-deputado federal e ex-ministro Aldo Rebelo (SD) era um dos cotados para a vaga, assim como chegaram a ser ventilados, dentro do próprio PP, partido com maior bancada na Câmara entre os do Centrão, os nomes da vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho, e do empresário Benjamin Steinbruch, recém-filiado à legenda.
O ex-ministro da Educação e deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE) e a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) também foram cogitados, mas sofreram resistência dentro do grupo de partidos porque já há um acordo entre as legendas para reconduzir o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao posto em 2019. Na visão das siglas, acumular a chefia da Casa e a vice-presidência seria “demais” aos demistas.
Ao lado de Ana Amélia, que inicialmente pretendia buscar se reeleger pra o Senado pelo Rio Grande do Sul, Geraldo Alckmin terá um trunfo para recuperar espaço nos estados do Sul do país. Conforme pesquisas de intenção de voto, o senador Alvaro Dias, do Podemos do Paraná, lidera as pesquisas de intenção de voto na região, em cujos estados os candidatos tucanos ao Palácio do Planalto vem sendo os mais votados desde 2006.
“Emparedado” entre o potencial eleitoral de Dias entre os sulistas e o avanço do deputado federal Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL, em São Paulo, sua base eleitoral, Alckmin está estacionado nas pesquisas entre 6% e 7% das intenções de voto. Com o apoio recebido do Centrão na corrida presidencial, o ex-governador paulista aposta nos 40% do tempo da propaganda eleitoral em rádio e TV que terá à disposição para atrair os eleitores indecisos e chegar ao segundo turno.
Conforme dados da mais recente pesquisa CNI/Ibope, divulgados nesta quinta-feira, 28% do eleitorado no país dizem não saber em quem votar e 31% afirmam anularão o voto. Os números foram apurados sem apresentar aos entrevistados os nomes dos candidatos à Presidência.
Conflito no RS
Ao aceitar ser vice de Geraldo Alckmin, Ana Amélia terá que resolver um conflito dentro do PP gaúcho. O pré-candidato do partido ao governo do Rio Grande do Sul, deputado federal Luiz Carlos Heinze, declarou em julho apoio à candidatura de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Por outro lado, o PSDB tem como candidato ao Palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho, o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite.
Concorrendo na chapa do tucano, a senadora também abrirá mão de uma reeleição ao Senado que se insinua tranquila para ela. A pepista lidera as pesquisas de intenção de voto às duas vagas de senador, segundo números do Paraná Pesquisas divulgados pelo Radar em junho. Ana Amélia tem 44% da preferência dos gaúchos, seguida pelo também senador Paulo Paim (PT), com 28,7%.
Edoardo Ghirotto e João Pedroso de Campos, Veja