BUENOS AIRES - A polícia encontrou na casa de Cristina Kirchner em El Calafate, após três dias de buscas, relatórios de espionagem sobre o juiz Claudio Bonadio, um informante do ex-espião Jaime Stiuso, o Grupo Clarín e cópias de denúncias contra a empresa Techint, entre outros. Também foram descobertos documentos históricos originais, como uma carta de 1835 de San Martín a Bolívar.
O jornal La Nación teve acesso a alguns desses documentos, entre eles um relatório intitulado “Adequação do Grupo Clarín, irregularidades e paraísos fiscais” – organização com a qual o casal Kirchner tinha profundas divergências – , além de um memorando de 5 de dezembro de 2014 intitulado “Denúncias de corrupção envolvem a Techint”, a maior produtora de aço da Argentina. A empresa também está sendo investigada em meio ao escândalo dos “cadernos das propinas”, nos quais o ex-motorista do Ministério de Planejamento Oscar Centeno anotou a entrega de sacolas com milhões de dólares de subornos.
Outro relatório sem data se refere a Pedro “el Lauchón” Viale, ex-agente que servia como informante de Jaime Stiuso, ex-homem forte do serviço de inteligência. Viale foi assassinado em troca de tiros com a polícia da Província de Buenos Aires.
Os papéis que mencionam o juiz Bonadio – que está investigando Cristina no escândalo das propinas e em outros casos – estão intitulados “Atuação de Bonadio para encobrir Jorge ‘Fino’ Palácios no caso Amia”. Palacios é o ex-chefe da polícia federal que Bonadio investigou por irregularidades no caso Amia.
O atual governo vê esses documentos com suspeita e avalia que é natural que um presidente receba relatórios de inteligência e os leve para casa para ler. Mas fontes no governo questionam se o material foi feito legalmente, com recursos oficiais ou por agentes paralelos. Também se discute por que justamente documentos sobre desafetos de Cristina foram encontrados.
Cristina denunciou ontem várias irregularidades nas buscas. Ela reclamou que foram apreendidos os bastões e as faixas presidenciais dela e do marido, Néstor Kirchner,morto em 2010. Também disse que não pode voltar a sua casa em Buenos Aires, pois foi encontrado um elemento tóxico em seu closet.
Com O Estad0 de São Paulo e EFE