domingo, 6 de novembro de 2016

Maria Cristina Frias: Base de comparação fraca ajuda o faturamento de shoppings a subir 4%

Folha de São Paulo


No segundo semestre, a receita dos shopping centers do país teve uma melhora na comparação com o ano passado, segundo a Abrasce, a associação do setor.

Em junho, julho, agosto e setembro, o faturamento foi mais alto que em 2015.

No acumulado desses meses, o resultado nominal foi 4% maior, diz Glauco Humai, presidente da entidade.

"É um crescimento sobre uma fase que já era ruim. Houve recuperação em alguns setores, como calçados e vestuário feminino, que são tradicionalmente fortes."

Quatro variáveis influenciam o consumo, lembra ele: desemprego, juros, crédito e inflação. A possibilidade de recuperação de alguns desses elementos impulsionou as vendas, afirma.

O fluxo de pessoas, no entanto, caiu, aponta a consultoria FX. "Em setembro, houve 3,9% de visitantes a menos, mas pela primeira vez neste ano a queda foi menor que 4%", diz Flavia Pine, diretora da empresa.

A conversão de vendas aumentou, diz Humai. Ele aponta dois motivos que explicam isso. O primeiro é a recessão.

"Antes, os clientes iam, olhavam, voltavam, não sabiam se compravam. Agora, chegam com dinheiro contado para consumir."

O segundo motivo é a internet: "As viagens aos shoppings para pesquisar preços e produtos diminuíram, pois isso é feito pela web".
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O subsídio alheio

Do começo do ano passado para cá, o preço do GLP (gás liquefeito de petróleo) cresceu mais que o do gás natural. A diferença entre os dois caiu de 55% para 17%, aponta a ANP (Agência Nacional do Petróleo).

O gás de botijão deve subir mais, porque a Petrobras decidiu rever contratos de fornecimento e vai passar a cobrar das distribuidoras o uso de seus tanques e dutos.

"A estatal vai alocar o custo para as empresas de botijão, que vão ter um gasto novo. Assim, nós, de gás canalizado, devemos ficar mais competitivos", avalia Augusto Salomon, presidente da Abegás, associação do setor.

Isso não deve salvar o ano para as companhias de gás natural porque fatias importantes do mercado, a de indústrias e a de térmicas, reduziram seus volumes.

O fim do subsídio foi bem recebido pela Comgás, diz o diretor comercial Sergio Luiz da Silva. "Há clientes que querem manter o botijão, mesmo com rede em casa. Quando o gás de cozinha estava artificialmente barato, a briga era desigual", afirma.

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Pagamentos por propriedade intelectual caem pela segunda vez

Pelo segundo ano, a soma dos pagamentos que o Brasil faz ao exterior a título de direitos autorais teve queda.

Entre janeiro e setembro, esse volume foi de US$ 3,8 bilhões (R$ 12,3 bilhões, na cotação atual), 7% menor que no ano passado. Em 2015, a queda foi de cerca de 12%.

O grosso desse dinheiro refere-se a licenciamentos e desembolsos por patentes de empresas estrangeiras, diz Eduardo Ribeiro Augusto, advogado do Siqueira Castro.

"A diminuição acompanha o desaquecimento da economia. Quando os investimentos voltarem, o pagamento por transferência de tecnologia vai subir", afirma.

Essas são operações com custos altos em alguns setores, como o de óleo e gás, segundo Sergio André Rocha, sócio do Andrade Advogados.

Parte do dinheiro é para quitar despesas com patentes dentro de um conglomerado -uma filial daqui transfere valores para a matriz.

Multinacionais podem estar à espera do melhor momento para essa operação, dizem os especialistas.
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Um passo por vez

A exportação de calçados cresceu 18,2% em outubro deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2015, segundo a Abicalçados, que reúne empresas do setor.

O aumento, no entanto, não indica uma retomada das vendas para fora, segundo o presidente-executivo da associação, Heitor Klein.

"O resultado de outubro é fruto das feiras internacionais realizadas nos meses anteriores, mas o nível ainda está bastante abaixo do volume exportado antes da crise."

Nos últimos 20 meses, a receita com o comércio internacional foi de um patamar de US$ 120 milhões (R$ 388 milhões, na cotação atual) para cerca de US$ 80 milhões (R$ 258,5 milhões) mensais.

No acumulado até outubro deste ano, o resultado é uma alta de 2,7% em relação a igual período do ano passado.
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Corte de bisturi

Os hospitais privados reduziram em 21,6% seu ritmo de contratações no acumulado deste ano até agosto, em relação ao mesmo período de 2015, aponta a Anahp, associação do setor.

A desaceleração reflete o congelamento dos projetos de expansão das companhias e a queda do número de beneficiários de planos de saúde privados, diz o presidente, Francisco Balestrin.

Os salários de funcionários respondem por cerca de 40% das despesas dos hospitais.

Ainda assim, as empresas mantiveram suas contratações e deverão fechar 2016 com um faturamento 4,2% maior que no ano passado, já descontada a inflação.

"Mesmo com a crise, o envelhecimento da população e o aumento de doenças crônicas entre os pacientes fazem com que a demanda se mantenha em alta", afirma.

R$ 12,6 bilhões
faturaram os hospitais privados no primeiro semestre deste ano, um aumento real de 1,5%
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Férias... A Viajala, que indica ofertas de passagens aéreas, hotéis e pacotes de viagens, veio para o Brasil. A expectativa é atingir 1 milhão de visitas mensais de brasileiros até o final de 2017, diz o CEO local, Eduardo Martins.

...permanentes A empresa, que recebeu cerca de R$ 1,615 milhão de aporte da Wayra Colômbia e de outros investidores, está também em cinco países da América Latina: Colômbia, Chile, Argentina, México e Peru.

Sem bateria O mercado de de carros elétricos reduziu ainda mais seu ritmo de expansão, aponta a ABVE (entidade do setor). Até setembro deste ano, foram emplacados 637 veículos de passeio, queda de 4% perante igual período de 2015.
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Hora do café
com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATA e IGOR ITSUMI