segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Valdo Cruz: "Tempo de contrariar interesses"

Folha de São Paulo


AFP
Presidente interino, Michel Temer, durante visita ao Parque Olímpico
Presidente interino, Michel Temer, durante visita ao Parque Olímpico


Olimpíada do Rio acabou, fizemos bonito, foi um sucesso. Por aqui, o julgamento do impeachment de Dilma entra na reta final. Seja o que for, é hora de o Brasil sair do campo da indefinição.

Não dá para esperar a eleição municipal acabar. O momento é de encontrar soluções para o país voltar à normalidade. O problema é fazer o Congresso cair na real e pensar menos nos seus interesses paroquiais.

A classe política parece sonhar com mágicas na economia, tal como já foi tentado diversas vezes, para que seja poupada de tomar medidas impopulares, como a reforma da Previdência, mas necessárias.

Dilma, por sinal, deve ser afastada em definitivo, salvo surpresa de última hora, porque inventou a contabilidade criativa a fim de esconder o rombo das contas públicas. Não enfrentou a realidade, cometeu irregularidades e deu o argumento jurídico para seu impeachment.

Repetir o mesmo erro da petista será fatal. O ritmo explosivo do deficit público não permite remendos, mas consertos definitivos. A equipe econômica de Temer já montou o roteiro para tirar o país da crise. A bola, agora, está com o Legislativo.

O teto dos gastos públicos e a reforma da Previdência são o caminho para reequilibrar as contas públicas. As privatizações e concessões vão ajudar a impulsionar o investimento. Conjugadas, estas medidas garantem a saída da recessão e a volta do crescimento econômico.

Confirmado no cargo de presidente, Michel Temer terá a tarefa de forçar o Congresso aprovar sua agenda econômica. Na interinidade, o peemedebista exercitou muito mais sua capacidade de conciliar interesses em vez de enfrentá-los.

Uma vez efetivado, terá de passar a contrariá-los. Não poderá mais recuar a cada pressão de corporações e aliados. Caso contrário, será candidato ao fracasso, a um final de mandato bem melancólico, como o do colega José Sarney. De economia em crise e baixa popularidade.