terça-feira, 23 de agosto de 2016

Rio-2016, uma Olimpíada com recordes e histórias marcantes. Grã-Bretanha teve melhor desempenho, e EUA ultrapassaram a marca de mil medalhas

Marcelo Alves e Miguel Caballero - O Globo

Usain Bolt se tornou o primeiro tricampeão olímpico dos 100m, dos 200m e do revezamento 4x100m Foto: KAI PFAFFENBACH / REUTERS
Usain Bolt se tornou o primeiro tricampeão olímpico dos 100m, dos 200m
e do revezamento 4x100m - KAI PFAFFENBACH / REUTERS




Toda Olimpíada tem seus marcos para celebrar e deixá-la eternizada no inconsciente coletivo. Não foi diferente no Rio de Janeiro. Os Jogos que se encerraram ontem produziram uma série de histórias e recordes que serão lembrados pelos próximos quatro anos, até que Tóquio naturalmente roube o protagonismo quando der o pontapé inicial da segunda Olimpíada da história da capital japonesa.


Se o Brasil celebra o melhor desempenho de sua história com a conquista de 19 medalhas, sendo sete de ouro, algo que jamais havia acontecido, a Grã-Bretanha também tem muito o que comemorar. O Team GB se consolidou definitivamente como nova potência olímpico a terminar em segundo lugar no quadro de medalhas, superando a toda poderosa China e apresentando um desempenho melhor até do que a edição em que foi dona da casa.

Se em 2012, a Grã-Bretanha foi terceira colocada com 65 medalhas (29 de ouro), neste ano, a equipe britânica conquistou 67 medalhas (27 de ouro). Pela primeira vez na história, um país teve um desempenho melhor na Olimpiada seguinte a que foi sede. Será o desafio do Brasil para Toquio-2020.

Descontando o fato de que a última Olimpíada foi em casa, um país não furava o bloqueio Estados Unidos-Rússia-China no grupo dos três primeirois desde que a Alemanha foi terceira colocada em Atlanta-1996. Claro que pesou o fato de a Rússia estar com menos 30% da delegação, que foi proibida de competir por causa do escândalo de doping no país. Mas não deixa de ser um feito.

— Estamos fazendo história no esporte. São 67 medalhas, quase 130 medalhistas em 19 esportes. Mesmo as superpotências não tiveram esse desempenho no passado, mas agora somos uma delas (superpotências) — disse a diretora esportiva da equipe britânica Liz Nichol.


Quem também tem muito o que comemorar são os Estados Unidos. O time americano conquistou 120 medalhas (45 de ouro). Líderes do quadro de medalhas, os americanos conseguiram pela quarta Olimpíada seguida conquistar mais de 100 medalhas. Eles não tinham uma soma tão expressiva desde as 174 de Los Angeles-1984.

— Para os Estados Unidos foram Jogos fantásticos. Do total, 61 medalhas foram conquistadas pelas mulheres, 80% dos atletas que vieram ao Rio competiram antes por universidades. Foram jogos memoráveis — afirmou o diretor geral do comitê olímpico dos Estados Unidos, Scott Blackmun.




Michael Phelps. Nadador americano conquistou seis medalhas nos jogos do Rio - Martin Meissner / Martin Meissner/AP

No Rio de Janeiro, os americanos estabeleceram novas marcas. Foram a primeira nação a atingir mil medalhas de ouro. No total, o país agora tem 1.022 medalhas de ouro. O feito aconteceu no revezamento 4x100m medley feminino. Quem fechou o revezamento foi uma jovem de 20 anos que dias antes tinha feito história de outra forma. Simone Manuel foi a primeira negra a vencer uma prova individual de natação nos 100m livre.

Se os EUA exibiram um grupo de jovens candidatos a brilhar em Tóquio, entre os veteranos Michael Phelps se despediu da Olimpíada ainda maior do que já era. Foram 28 medalhas, sendo 23 de ouro e o título de o primeiro nadador da história a ser tetracampeão olímpico. 

O feito aconteceu nos 200m medley. Phelps ainda quebrou o recorde de medalhas em provas individuais que pertencia a ex-ginasta soviética Larisa Latynina (16 contra 14) e protagonizou um incrível empate triplo na medalha de prata dos 100m borboleta com seus rivais Chad Les Clos e Laszlo Cseh.

O ouro nesta prova foi de Joseph Schooling, jovem de 21 anos que conquistou o primeiro título olímpico da história de Cingapura. Numa Olimpíada, aliás, em que 87 países ganharam medalha, Vietnã, Kosovo, Fiji, Porto Rico e Jordânia celebraram seus primeiros ouros. O de Kosovo foi ainda mais especial, pois foi na primeira fez que a equipe disputou uma Olimpíada como nação. A conquista veio com Majlinda Kelmendi, do judô.


POUCOS RECORDES

Foi uma Olimpíada de muitas histórias emocionantes, mas com menos recordes mundiais e olímpicos quebrados. O Rio viu 73 novas marcas serem estabelecidas. Bem menos do que Londres-2012 (109) e Pequim-2008 (145). Uma, no entanto, foi muito celebrada pelos brasileiros. O recorde olímpico de 6,03m no salto com vara estabelecido por Thiago Braz, ouro na prova.

Pesa a favor de Pequim na comparação com os demais jogos, no entanto, a quantidade de marcas quebradas na natação. Numa era que ainda existiam os supermaiôs, 65 recordes foram batidos na piscina do Cubo D'Água. No Rio, a natação continuou sendo o carro chefe (23 recordes, sendo oito mundiais), mas o ciclismo também brilhou com 12 recordes (seis mundiais).


O atletismo viu apenas oito marcas serem quebradas (três mundiais), mas nada que tire o brilho de Usain Bolt. O jamaicano tornou-se o primeiro atleta a ter conquistado um tricampeonato olímpico dos 100m, dos 200m e do revezamento 4x100m. Um feito que ajudou a Jamaica a ser 16ª colocada no quadro de medalhas.

É graças ao atletismo, aliás, que Quênia e Etiópia figuraram no quadro de medalhas. Foram 13 medalhas conquistadas pelos quenianos e oito pelos etíopes.

E ainda foi no atletismo que a Espanha comemorou a sua primeira medalha de ouro, com a campeã do salto em altura Ruth Beitia.

França e Itália, por sua vez, superaram a marca de 200 medalhas de ouro em Jogos Olímpicos. Já a Índia precisa trabalhar mais para o próximo ciclo olímpico. Para um país com mais de um bilhão de habitantes, pareceu pouco ter conquistado apenas duas medalhas (uma prata no badminton e um bronze na luta olímpica).
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