O Senado assistiu na madrugada desta quinta, na fase do processo que tornou ré Dilma Rousseff, ao julgamento antecipado da petista. Por 59 votos a 21 e nenhuma abstenção — Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, não votou —, os senadores aprovaram o relatório do Senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que acusa Dilma de ter cometido crime de responsabilidade. Em relação à votação da madrugada de 12 de maio, Dilma perdeu um voto, e os que defendem a sua saída ganharam quatro. É claro que é o fim da linha.
Os defensores de Dilma ainda tentaram, por intermédio de destaques, suprimir trechos do relatório de Anastasia. Mais uma vez, derrotas fragorosas: 58 votos a 22 em dois casos e 59 a 21 num terceiro. Assim, o texto do relator foi mantido na íntegra, sem qualquer alteração. A acusação tem agora 48 horas para apresentar seu libelo acusatório. Deve usar apenas um dos dois dias. Em seguida, cabe à defesa fazer o mesmo.
Se os que defendem a saída de Dilma entregarem seu texto no dia 11, a defesa terá de apresentar o seu até o dia 13. A partir de então, contam-se dez dias para o início do julgamento propriamente. Nessa perspectiva, ele pode começar no dia 23 — e não mais 25 ou 26 como se havia previsto anteriormente. É praticamente certo que romperemos setembro com Dilma já na condição de ex-presidente.
A sessão não reservou surpresas, a não ser um comedimento maior dos senadores, dado que comandava a sessão o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo. E ele o fez de forma muito calma e segura. Não houve margem para chicanas. Até Lindbergh Farias (PT-RJ) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) se comportaram — e olhem que isso não é nada fácil. Num dado momento, Lindbergh pediu a palavra para tentar perorar sobre o papel do Supremo na democracia, mas Lewandowski não caiu na conversa. O rapaz de acalmou.
O que se viu, ao longo da terça e começo da madrugada de quarta, foi a indigência argumentativa dos esquerdistas que saíram em defesa de Dilma. Insistiram no samba de duas sílabas só: “golpe” — como se, a esta altura, uma acusação dessa natureza pudesse provocar algum efeito. No máximo constrangia o presidente do Supremo, que, então, estava ali a comandar uma das sessões da sanha golpista.
Quem fez a melhor defesa de Dilma foi, ora vejam, uma ex-ministra sua que não pertence a seu campo ideológico: a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO). Em vez de se ater às tolices da ideologia, Kátia, ao menos, tentou descaracterizar como crimes os atos apontados no relatório de Anastasia. E a senadora deu especial ênfase ao Plano Safra. Foi uma defesa dura, enérgica, mas sem agredir o processo em si — que é o que fazem de modo determinado as esquerdas.
Foi tudo inútil. A esta altura, o julgamento cumpre seu rito legal, mas é evidente a situação de isolamento que vive Dilma. Ela já é uma personagem do passado do Brasil. Ainda que se tenham algumas incertezas sobre o governo Michel Temer, uma certeza é insofismável: a petista não volta mais.
E o PT?
Depois de a defesa de Lula anunciar que vai recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, parlamentares do PT agora dizem que vão apelar à Comissão de Direitos Humanos da OEA contra o julgamento de Dilma. Anunciam que vão acusar, inclusive, a omissão do Judiciário brasileiro.
Depois de a defesa de Lula anunciar que vai recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, parlamentares do PT agora dizem que vão apelar à Comissão de Direitos Humanos da OEA contra o julgamento de Dilma. Anunciam que vão acusar, inclusive, a omissão do Judiciário brasileiro.
Pois é… Nesta terça e madrugada de quarta, diante de Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo, defensores de Dilma gritavam “golpe”, o que, vamos convir, fazia do ministro do STF um… golpista!
Incrível! Essa estratégia já não deu certo. Fazer o quê? Einstein definia o louco como aquele que apela sempre a um mesmo procedimento ineficaz esperando obter resultado diferente.
Os petistas, não é de hoje, enlouqueceram.